Jamais fomos modernos – Edson Cruz (Poéticas da Escrita)

Anotações sobre um livro que ainda me desafia:

Bruno Latour, filósofo com orientação antropológica, faz neste livro uma etnografia dos ‘modernos’. Ele tenta responder qual seria a força que caracterizaria a modernidade.

Latour critica a distinção ontológica radical entre natureza e sociedade, chamando para uma visão mais integrada e relacional entre esses domínios.

Para ele, modernos são aqueles que purificam o real (natureza ou sociedade) para hibidrizá-los indefinidamente.

Latour defende que a distinção radical entre natureza e sociedade, base do pensamento moderno, nunca existiu na prática.

Em síntese, sua tese neste livro diz que a separação pura entre sujeito (sociedade) e objeto (natureza) é uma ficção, pois na realidade esses domínios estão completamente interconectados.

A ciência e a tecnologia, longe de serem esferas neutras, são produtos de negociações e controvérsias entre atores humanos e não-humanos.

Latour defende que precisamos de uma “antropologia simétrica” que leve igualmente a sério humanos e não-humanos, sem separá-los em polos opostos.

Os “híbridos” entre natureza e cultura sempre existiram, mas a modernidade tentou ocultá-los atrás de uma divisão purificada.

Ao invés de purificação, Latour propõe que procuremos as associações e mediações em rede que constituem o social.

Ele afirma:

…se jamais tivéssemos sido modernos, pelo menos não da forma como a crítica nos narra, as relações tormentosas que estabelecemos com as outras naturezas-culturas seriam transformadas. O relativismo, a dominação, o imperialismo, a consciência pesada, o sincretismo seriam todos explicados de outra forma, modificando então a antropologia comparada.

Ou você aplica a mesma operação intelectual para os diversos planos possíveis ou você é um moderno. Na modernidade, Deus se retira.

A definição tradicional de modernidade é assimétrica, pois não aplica o mesmo tipo de procedimento analítico para si mesma.

Edson Cruz (Ilhéus, BA) é poeta, editor do site Musa Rara (www.musarara.com.br) e coordenador de Oficinas Literárias. Estudou música, psicologia e letras (USP). Seu livro de poemas, Ilhéu (Editora Patuá, 2013) foi semifinalista do Prêmio Portugal Telecom de 2014. Antes, lançou Sortilégio (poesia), em 2007, pelo selo Demônio Negro; como organizador, Musa Fugidia [a poesia para os poetas] pela Moinhos Editora; em 2010, uma adaptação do épico indiano, Mahâbhârata, pela Paulinas Editora. Em 2011, ganhou a Bolsa de Criação da Petrobras Cultural e editou o livro Sambaqui, pela Crisálida Editora. Lançou em 2016 sua antologia poética, O canto verde das maritacas, Editora Patuá. Em 2019, lançou Trabucada, Terracota Editora, infanto-juvenil para todas as idades. Em 2020, lançou Pandemônio, Kotter Editorial.

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