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Descartes e o Ódio à Escrita – Ulysses Pinheiro

Código 9786580103690 Categorias , , ,

Ao longo deste livro, a noção de limite, tão cara a Descartes – manifesta tanto no gesto de traçar, de uma vez por todas, as fronteiras do que pode ser clara e distintamente conhecido quanto nesse outro movimento, dependente do primeiro, mas não redutível a ele, de escolher o que pode ou não ser escrito publicamente –, é visada a partir do interior de seu próprio pensamento. Trata-se então de habitar essa terra de ninguém que é o próprio limite, espaço sem extensão que nos força a cambiar continuamente entre os domínios que ele divide, o pensável e o impensável, o dizível e o indizível. Permanecer no limite e fazer nele reverberar os signos que o compõem nos levará a explorar também esse outro signo, o ódio, entendido como um esquema afetivo de subjetivação. Que o ódio seja tomado não como uma causa psicológica que explica a relação de Descartes com a escrita, mas, antes, como sendo, ele mesmo, um signo, representado em seus escritos ao lado de outros, determina o método deste estudo, restrito à imanência do texto e comprometido com a recusa de qualquer abordagem referencialista ou causal. Nenhuma realidade para além ou aquém dos signos – a vida de Descartes, suas intenções ao escrever isto ou aquilo, o contexto social de sua produção ou a realidade descrita por suas teses filosóficas – será usada, ao longo destas páginas, como princípio heurístico. Paradoxalmente, porém, a decisão de permanecer “no interior” do pensamento de Descartes nos forçará a percorrer seus impasses e fissuras, sem síntese possível. O interior, na verdade, nunca foi dado nem nunca existiu como um todo autocontido. Entre ele e seu fora, incontáveis fronteiras multiplicam-se.

Verão 2019

ISBN 978-65-80103-69-0 (Brasil)

ISBN 978-989-54566-7-3 (Portugal)

316 pág.

R$ 99,70 R$ 69,79

Ulysses Pinheiro

Ulysses Pinheiro é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador do CNPq e membro do grupo de pesquisa Narrativas do excesso. Ele é especialista em história da filosofia moderna, especialmente na filosofia no século XVII, além de publicar e lecionar nas áreas da filosofia política e da estética.