Nesses RASCUNHOS entrelaçam-se temas e ritmos com a sutil unidade de cores e formas em mandalas. E vêm o feminino e o ancestral; individualizados, ampliados, “nas minhas, nossas conversas e desconversas perfumadas de silêncios”, escapando do meramente humano – “ah … eu multidão abismos cumes espaços nebulosas estrelas cometas sóis.”
Isso junto a um igual desigual mundo afora, quando “gringa, eu, flutuo me pensando invisível nessas calçadas estrangeiras”, no “um milhão de portos. Mas Aylan ali ficou.” Então, restam os antídotos na alegria a se fortalecer nos “morenos pés, pretos mulatos pelos becos até a laje mais alta”, e conclamando até passarinhos: “Ocupa jabuticabeira, passarim! Ocupa jabuticabeira , passarim! Ocupa palmito-juçara , passarim! Ocupa! Ocupa!”
Outra busca, ainda: a da identidade. No que nos cerca, pois, “sim, aqui estamos sós, toscos seres humanos divinamente dotados da capacidade de maravilhar-se. E aqui estão eles, os pássaros”; ou ampliada pelo tempo, no “álbum de família se expandindo, ganhando rostos e bandeiras e falas, assim despertas em aleluias, incensos e ensolarados de-repentes.”
Enfim, exercícios da percepção poética no dia a dia, quando “amanheci tudo isso, flor do algodão, canavial florido, quietude de panelas de barro sobre a trempe” e ante o que nos circunda, ao “… assuntar umas frases descansadas compridas sentados num banco de praça respirando esse som de bem-te-vis…”
Até que, inesperado, o Dia Nacional da Matemática! “Ora,” direis…
Outono 2021
ISBN: 978-65-89624-20-2
128 pág.
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RASCUNHOS – Exercícios do olhar poético traz um correr do tempo em que o escrever foi revelando o aguçar a sensibilidade, o se deter ante anonimatos e cotidianos. O dentro e o fora dialogando, mas também o monólogo cavando e deixando transparecer revelações quase previamente sabidas.
Nesse exercício, também a descoberta paralela de como o fascínio pelo expressar-se ajuda a sutilizar descobertas e aprofundar caminhadas, a partir do saltar a barreira do “pudor das palavras”. A recorrência de alguns temas, por outro lado – como nos “outono, quinta-feira santa” – vai desdobrando o sentir em décadas de perplexidades, de mãos dadas com a quietude, perceptíveis a diferentes faixas de leitores.
Enfim, algo de quem escreve desde sempre mas somente aos 66 anos publicou seu primeiro livro (ficção). E ousa, agora, esse desnudar-se: publicar poesias.
Ou versos, como prefere dizer.
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“Em tempos tão sombrios, uma obra como a de Mirian S. Cavalcanti é de extrema relevância.” – Daniel Osiecki, editor-adjunto e analista de originais na Kotter editorial.
Mirian S. Cavalcanti
Carioca, assistente social de formação, Mirian S. Cavalcanti vive desde 1993 em pequena vila capixaba com cerca de 400 habitantes. Ali, participou da criação e militância em ONG ambientalista, com Biblioteca e Brinquedoteca comunitárias. Publicou o primeiro romance aos 66 anos, quando incorporou de vez à sua vida isso de escrever, essa aventura de ouvir personagens que não dão a mínima atenção ao que tenta determinar para eles.
E, desde sempre, crê na arte como ponte entre os povos, apesar da lavagem cerebral da globalização.
Publicou Ficção (romance, contos, crônicas e infantojuvenil); e, como organizadora e autora, Não Ficção (memórias coletivas universitárias e estudantis; e programa de Educação Ambiental com professores).