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No Tabuleiro, livro de contos de Alexandre Rosa, encontramos a reunião de dez narrativas em primeira pessoa. A maioria desses contos já havia sido publicada pelo autor na internet, o que dá aos textos um tom bastante informal sem que, no entanto, se perca a densidade dos conflitos nos quais o personagem–narrador aparece enredado. O grande tema do livro é a contradição que se estabelece entre uma espécie de vocação picaresca do narrador e as instituições reguladoras ou formadoras da sociedade brasileira – a vizinhança, a escola, as forças armadas, a universidade, o trabalho etc. Assim, na passagem de uma estória a outra, numa linguagem simples e despojada, vamos acompanhando a trajetória desse anti-herói e reconhecendo, aqui a ali, alguns episódios marcantes de nossa história recente, reconstruídas ficcionalmente, temperadas com a boa e velha ironia que o autor herdou de seus mestres Machado de Assis e Lima Barreto.
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No tabuleiro
Alexandre Rosa.
1. ed.
Curitiba : Kotter editorial, 2025.
96 páginas
16X23 cm
ISBN 978-65-5361-415-4
R$ 49,70 R$ 32,31
Disponível por encomenda
No Tabuleiro encontramos aquele realismo que beira o absurdo. Aquele realismo do Homem que sabia javanês… Finalizamos a leitura de cada conto e nos perguntamos: como pode isso? É tão absurdo e ao mesmo tempo tão verossímil. A realidade esticada até o limite produz aquele efeito catártico, que nos suspende por alguns instantes, após o fim da leitura de cada um dos dez contos que compõem o livro. O tempo cronológico das narrativas faz com que criemos um pacto de cumplicidade com o personagem narrador. Seguimos com ele desde sua infância pobre na periferia, passamos pela época do serviço militar obrigatório, as agruras do tornar-se Filósofo, até um final quase fatídico, quando acaba participando de um “tribunal do crime” pra lá de inusitado, pois no centro do julgamento se encontra, na condição de réu, um renomado intelectual europeu. A composição da obra, o seu conjunto, não deixa de ser intrigante: cada conto tem sua autonomia, mas o conjunto desvela um caminho de formação. Os alemães têm uma palavra pra isso – Bildungsroman. Nosso português de quebrada também tem algo semelhante: chama-se picadilha.
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Sobre o autor:
Alexandre Rosa nasceu em 1980, na cidade de Diadema, no chamado ABCD paulista. É bacharel e licenciado em Ciências Sociais e desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre os contos do escritor Lima Barreto. Trabalha como educador, é casado com Camila Andrade e pai do João. Gosta de escrever ficção nas poucas horas vagas que tem. Por incentivo dos amigos e amigas decidiu publicar um livro reunindo as estórias que publicou na internet.