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A Poesia como Instrumento de Visão e Perturbação

Olhos, de Demétrio Panarotto, transcende a experiência poética convencional ao transformar o olhar em um ato político, crítico e visceral. Desde a primeira página, a obra se impõe como um experimento sensorial, um jogo entre a palavra e a imagem, onde a visão não se limita ao ato de enxergar, mas se expande para tocar, sentir e questionar. A frase-chave de foco, “Olhos é um convite a enxergar para além das aparências, revelando as sombras do mundo”, sintetiza a essência dessa leitura que desafia certezas e desconstrói narrativas.

A Estética do Olhar: Entre a Beleza e o Horror

A poesia de Panarotto constrói um mosaico imagético que tanto seduz quanto inquieta. Inspirado na interseção entre a literatura e o cinema, seu texto se assemelha a uma montagem cinematográfica – com cortes abruptos, cenas superpostas e ângulos inusitados. O autor explora o olhar humano como um dispositivo que revela e oculta, evocando referências que vão de Roland Barthes a Wim Wenders, de Buñuel a Tom Zé. Não há contemplação ingênua; o olhar aqui é afiado, crítico, pronto para desmantelar ilusões.

O Olhar Como Crítica Social

A metáfora dos olhos percorre toda a obra, ora como testemunhas da barbárie, ora como cúmplices da alienação. Em tempos de superexposição e vigilância, Panarotto propõe um deslocamento: olhar para dentro, para as sombras, para o que não se quer ver. Poemas como “Os Urubus”, “Não Sei se o Brasil” e “Na Mira te Sinto Santiago” evidenciam um lirismo politizado, que denuncia as violências estruturais, o consumo voraz de imagens e a manipulação da percepção coletiva.

A Poética da Fragmentação

Formalmente, Olhos se apropria da fragmentação como estratégia estética e filosófica. Versos curtos, jogos sonoros, quebras inesperadas e intertextualidade fazem da obra um convite ao estranhamento. Como na cena de O Cão Andaluz, de Buñuel, onde uma lâmina corta um olho, Panarotto opera sua escrita para gerar incômodo e, consequentemente, reflexão.

Olhos não é um livro para ser lido passivamente. Ele exige envolvimento, exige que o leitor olhe para além do óbvio, que se deixe atravessar pelo desconforto e, talvez, aprenda a ver o mundo com uma nitidez dolorosa. Demétrio Panarotto reafirma-se como um poeta da contemporaneidade, capaz de transformar palavras em lentes que expõem tanto a beleza quanto o caos.

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Olhos | Demétrio Panarotto
Curitiba: Kotter Editorial, 2024.
108 páginas

16X23
ISBN 978-65-5361-322-5

R$ 49,70 R$ 34,79

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