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Editar Os Lusíadas no aniversário de 500 anos de Luís de Camões e há pouco mais de 450 anos de sua primeira edição é uma nova tarefa com o novo. E com o velho. Novo e velho são noções carregadas de afetos e valores, ainda que o novo seja mais, digamos, publicitariamente eficaz. No caso deste poema, celebrar o novo não significa menoscabar o velho, pois o poema é novo e velho. Então, por que Os Lusíadas é um poema novo?
Porque sua obsessão pelo ainda não dito faz o poema se aliança com o frescor: um épico, sim, mas distinto dos paradigmas que a tradição desse gênero forte, vinda de séculos, exigia de um poeta no ocaso do Renascimento.
E Os Lusíadas é novo por outras razões, inclusive porque não se encerra: é e não é o poema do projeto de expansão português, é e não é a suprema crítica a esse mesmo projeto, é um canto de louvor às armas mas é um canto de louvor ao amor, é um canto à coragem e à delicadeza, a Deus e aos deuses. É, antes de tudo, um poema, tão atual como nós, legentes abertos pelas palavras de Camões.
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Sabe-se que datas expressivas relacionadas à vida ou obra de um autor suscitam mil celebrações, que incluem alto número de livros publicados. Em 1880, no terceiro centenário da morte de Camões, os ruidosos festejos no mundo lusófono multiplicaram as edições de Os Lusíadas, emblema máximo da língua portuguesa. Desde aí, há edições, estudos, interpretações e controvérsias sem conta.
Embora houvesse no Brasil edições da epopeia desde 1821, elas apenas reproduziam as portuguesas e só em 1837 surge uma com editor e comentador plenamente brasileiros, cabendo o pioneirismo a Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro e José Veríssimo. Aberta a trilha, infindas são as leituras brasileiras do poema, devidas a reconhecidos mestres das nossas letras, sendo talvez o poeta Alexei Bueno o último deles.
O quinto centenário de nascimento de Camões, desdobrado entre 2024 e 2025, motiva este volume, coordenado pelos Professores Doutores Luis Maffei e Paulo Braz, afeitos de longa data à camonística. Nele, palavras introdutórias pontuam vida e obra do poeta, mencionam fontes e balizam critérios editoriais, logo seguidas dos documentos indispensáveis à publicação de 1572. Depois, temos os dez cantos clara e profusamente anotados, cada um merecedor de comentário específico, a cargo de conceituados scholars de nossas universidades, além dos co-editores: Matheus de Brito, Jane Tutikian, Ida Alves, Kigenes Simas, Jorge Fernandes da Silveira, Jonas Leite, Marcia Arruda Franco e Teresa Cerdeira.
Neste labor de organização, ressalte-se a busca por uma multiplicidade de vozes, de diferentes regiões brasileiras, de várias faixas geracionais, como que a indiciar a abrangência ilimitada do poema.
Elaboradas com esmero e generosidade para com o leitor, oxalá estas páginas ultrapassem o âmbito universitário – efetivo reduto da vitalidade camoniana – e atinjam os mais amplos horizontes.
Gilda Santos
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Os Lusíadas
Luís Vaz de Camões.
Edição, apresentação e notas: Luis Maffei & Paulo Braz
1 ed.
Kotter editorial, 2024.
456 páginas
16X23 cm
ISBN 978-65-5361-370-6
R$ 154,70 R$ 108,29
Disponível por encomenda
Os Lusíadas, de Luís de Camões, é considerado o maior épico da língua portuguesa. Publicado em 1572, o poema narra as viagens e feitos heroicos dos navegadores portugueses, especialmente Vasco da Gama, que desbravaram os mares rumo à Índia. Com sua poesia elaborada e um tom exaltado, Camões celebra a coragem e o espírito de aventura dos lusitanos, ao mesmo tempo em que reflete sobre as contradições do projeto colonial.
Dividido em dez cantos, o poema entrelaça mitologia greco-romana com figuras históricas, oferecendo um retrato grandioso de Portugal e sua expansão marítima. Os Lusíadas não só exalta o patriotismo português, mas também aborda temas universais, como o destino, a glória e a fragilidade humana.
Ainda hoje, Os Lusíadas é estudado e admirado por sua riqueza linguística e simbólica. A obra continua a ser uma referência inestimável para a literatura e a cultura portuguesas, proporcionando uma visão profunda e crítica da história.
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Sobre os organizadores:
Paulo Braz é professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dedica-se majoritariamente aos estudos de poesia portuguesa moderna e suas relações com o sagrado. Em poesia, participou da coleção Kraft, editada pela Cozinha Experimental (2016), e da coletânea O poema se chama política (2021), organizada pelo MTST Pernambuco. Em 2018, defendeu, pela Universidade Federal Fluminense, a tese de doutorado Das artes da servidão: Camões e o amor do mundo.
Luis Maffei é professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal Fluminense e pesquisador 2 do CNPq há vários anos, sempre com projetos ligados à poesia camoniana. Em sua produção ensaística, destaquem-se os títulos Despejo quieto (Editora da UFF) e Do mundo de Herberto Helder (Oficina Raquel). Na poesia, publicou diversos livros, entre os quais Signos de Camões (em Portugal, pela Companhia das Ilhas; no Brasil, pela Oficina Raquel), e recebeu o Prêmio Icatu de Artes-Literatura, em 2013. É líder do Grupo de Pesquisa Pensar Camões (CNPq).