Em Nada Mais, o autor faz criativa, sensível e extensa homenagem às composições poéticas de Pablo Neruda, o grande poeta chileno, prêmio Nobel de Literatura em 1971. Enquanto Neruda escreveu o livro 20 Poemas de amor e uma canção desesperada, Peliano multiplica por 3 com o subtítulo 60 Poemas de ardor e 3 canções desenlaçadas.
Exorta e abrange em seus versos as várias facetas expressas pelo ardor, como o amor exacerbado, o entusiasmo da paixão, o desejo exaltado, sem, no entanto, se perder no sentimentalismo piegas e melodramático. Ao contrário, por exemplo, em Confesso que entendi, lê-se “as paixões e os versos de Neruda, vinham dos voos claros das manhãs, (onde ave por ave o dia desnuda, cores e sons de mil Aldebarãs)”. Já em Arquipélago, “procuro em tua face um continente, como quem sente algo além do muro, hesita partir, mas quer ir em frente, à procura das terras que eu procuro”.
A leitura dos poemas de José Carlos Peliano em Nada Mais qualifica-o com certeza como um poeta a ser mais conhecido e apreciado pelos leitores brasileiros.
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Foi certamente uma ninfa de floração “cor de goiaba”, à procura de amor e beleza nesse mundo de guerra, ganância e dor, quem guiou Peliano para a aventura da poesia apaixonada, que nos encanta em cada estrofe de um arquipélago mágico.
Conheci seu ofício de letras em Os dias isolados, um livro de contos e alguns poemas (2022), urdido como uma saída honrosa para a pandemia. Virei sua leitora, e agora, com Nada mais, afinei o gosto e fui até reler, junto, os Veinte Poemas de Amor y una canción desesperada – meu exemplar já amarelado pelo tempo – e entendi a corrente entre os dois poetas que provoca a “taquicardia sem freios, a viagem infinda”. Vai Peliano, levante as velas e leve seu barco pelas travessias dos Andes e de nossas serras, com os “prazeres e atrevimentos” na busca pelo sentido da fraternidade, do amor e da justiça, com a memória viva de Pablo Neruda! Vai com esse amor tão forte, como você diz, que “vem abrir no corpo um veio”, mas que espanta para bem longe o “tigre invisível da agonia”.
Maria Victoria Mesquita Benevides, socióloga, professora emérita da USP
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Nada mais
José Carlos Peliano
1. ed. – Curitiba
Kotter editorial, 2025.
100 páginas
16X23
ISBN 978-65-5361-400-0
R$ 49,70 R$ 34,79
Nada Mais, de José Carlos Peliano, é uma celebração intensa e sensível ao lirismo, homenageando Pablo Neruda enquanto desenvolve uma voz própria e contemporânea que transita com maestria entre temas como amor, desejo, memória e solidão. Com uma linguagem que mescla o erudito e o coloquial, a obra combina formas variadas, de sonetos meticulosos a versos livres experimentais, enriquecidos por metáforas poderosas e recursos poéticos que criam uma musicalidade envolvente. Os ecos de Neruda são reimaginados sob a ótica pessoal de Peliano, resultando em uma coletânea que resgata a essência do amor e da paixão, oferecendo uma experiência poética transformadora e inesquecível.
Sobre o autor:
Poeta, escritor e economista (doutorado), José Carlos Peliano trabalhou no comércio e já adulto no IPEA, CNPq e Câmara dos Deputados. Membro da Associação Nacional de Escritores (ANE) e Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED). Tem publicações em literatura, 7 livros de poemas, 2 de histórias infantis, 1 romance, poemas em jornais e 6 premiações, e em economia, 3 livros, textos técnicos e artigos em revistas e sites especializados. De Juiz de Fora/MG, mora em Brasília/DF.