Maternidade às claras | Entrevista com Joana Siqueira

A carioca Joana Siqueira deu à luz em um dos momentos mais críticos da história recente: a pandemia de Covid-19. “No período em que cada um de nós precisou encontrar ferramentas internas para lidar com o mundo se desfazendo, minha filha veio para refazer o meu mundo e me mostrar que existe vida no caos, existe amor no desespero e existem muitas razões para seguir e sorrir”, pondera a autora estreante, que reuniu suas impressões da maternidade no livro O abrir do ventre em um mundo prisão (compre aqui).

O conjunto, elaborado em meio aos choros, sonecas e trocas de fralda de Dora, sua primeira filha, se destaca pela honestidade: por meio de relatos do cotidiano, organizados em formato de diário, Joana desvela a realidade ambígua da maternidade – um pêndulo que oscila entra a beleza, as complexidades e as trivialidades, de acordo com a autora. “Mesmo com todas as complexidades, a maternidade é uma explosão de beleza, vida e amor sem tamanhos”, explica.

Essa visão não romântica a respeito do processo de cuidar de uma criança pode auxiliar outras mães que estejam se sentindo culpadas devido à montanha-russa de sensações que acompanham a gestação e criação de uma vida. A própria autora, afinal, só pôde viver a experiência de maneira mais saudável após entender a complexidade da questão.

“Quando as pessoas conseguirem entender a realidade que as mães vivem, teremos uma sociedade mais inclusiva, acolhedora. E talvez, então, a maternidade se torne um processo menos solitário”, aposta. “Se esse dia chegar, as belezas, que já não são poucas, vão poder finalmente ser vividas e degustadas com mais plenitude, sem tantos traços de exaustão, solidão e sobrecarga.”

No texto de orelha do livro O abrir do ventre em um mundo prisão, Lian Tai sugere que seu livro desromantiza a maternidade. É uma questão que você trabalhou intencionalmente? Qual seu ponto de vista sobre o conjunto?

É impossível experienciar a maternidade sem desromantizá-la em algum nível. Nós vivemos em um mundo em que a maternidade muitas vezes é contada por vozes masculinas e retratada como um caminho exclusivamente de realizações – mas, na minha visão, nada que é rotina e cotidiano consegue caminhar só em um extremo dos sentimentos. Tudo que é permanente ou duradouro se move feito pêndulo: oscilando entre a beleza, as complexidades e as trivialidades. É assim com relacionamentos amorosos, é assim com trabalho, é assim com relacionamentos familiares, por que não haveria de ser assim também com os filhos?

Mas ouso dizer que os filhos amplificam tudo, e esse pêndulo ganha outra dimensão: os extremos se tornam muito mais intensos do que qualquer extremidade de sentimento já conhecida até então. Pelo menos foi assim para mim. Descobri um amor e uma admiração que não tinha a menor ideia que pudessem existir. Por mais que tanto se fale sobre isso, é inexplicável o que se sente.

Do outro lado desse pêndulo, descobri uma exaustão, uma sobrecarga, uma solidão que também não tinha ideia de que pudessem existir – mesmo do meu lugar extremamente privilegiado e com um parceiro presente e participativo. E que pouco ouvi falar. Acontece que, mesmo ciente de alguns desafios que enfrentaria nesse processo, se deparar com sentimentos tão pesados, sendo que a sociedade inteira te prepara para sentir apenas amor e satisfação, aumenta a solidão e desperta mais um sentimento tão comum às mães: a culpa!

Por isso, acho tão importante falar das dificuldades da maternidade. Só falando sobre elas e vendo ali, em outras mães, os mesmos sentimentos foi que consegui de novo me sentir pertencente e reencontrar de alguma forma meu lugar no mundo – que se reorganiza (ou desorganiza) completamente depois que viramos mães.

É um livro que não teme expor angústias, por mais que – na minha leitura – o tom geral seja de celebração pela nova vida. Pensou essa ambiguidade de maneira literária ou saiu naturalmente? Fale um pouco do processo de composição e curadoria dos textos.

Posso dizer que o livro foi um “acaso”. Desde pequena, tenho a escrita como companhia e tradutora do que sinto (e não sei explicar oralmente) – embora, na vida adulta, tenha abandonado o hábito de escrever não sei bem por quê. Ao engravidar pela primeira vez e, logo em seguida, perder esse filho,fui atravessada por tantos sentimentos e, ao mesmo tempo, me senti tão só, vivendo um luto sem espaço na nossa sociedade, que o hábito de escrever me voltou. Como se fala sobre a perda de algo que você ainda nem anunciou que teria? Como se fala desse aborto que é tão comum, mas ninguém conta? Então, ao invés de falar, escrevia.

Quando engravidei de novo, colecionei cadernos que acompanhavam meu dia a dia, feito um diário de sensações, descobertas e emoções. Ao longo da gravidez, me pareceu bonito guardá-los para minha filha: presenteá-la com registros de todos transformações e sensações com as quais ela me presenteou.

Após parir, o mundo inteiro se fechou em pandemia e se afogou em incertezas e em notícias de morte. Escrever, além de ser uma espécie de companhia, virou minha máscara de oxigênio para sobreviver aos dias. Dias de sobrecarga – sem nenhum dos apoios que jurávamos que teríamos; dias de medo – num mundo que se esvaía em morte por conta de um vírus do qual pouco se sabia; dias de solidão – por todas as inseguranças maternas potencializadas ainda mais pela pandemia; e, claro, dias também de belezas e de vida – por acompanhar a vida nascendo, brotando e crescendo ali na nossa sala, num cenário em que a morte era tão presente.

Com o avançar do isolamento – que jurávamos que duraria no máximo um mês – entendi, com muita dor, que minha família não acompanharia a estreia da minha primeira filha nesse mundo: minha mãe não conviveria com os primeiros meses (ou anos? Não sabíamos) da sua primeira neta, minhas avós não conviveriam com os primeiros meses (ou anos) da sua primeira bisneta.

E foi impossível não me questionar se todos sobreviveriam tempo suficiente – num mundo em peste – pra poder conhecê-la depois que aquele pesadelo acabasse. E foi assim que originalmente nasceu o livro: uma tentativa de driblar o isolamento e de deixar mais próximo de nós todos aqueles que tínhamos certeza de que nos acompanhariam nesse período tão único e breve que é o bebê recém-nascido, mas que a pandemia afastou de nós.

Então, o processo de revisitar os cadernos foi vivido e revivido repetidas vezes, interrompido por choros, sonecas e trocas de fralda – como quase tudo na minha vida. Mas sempre convicta da importância de mostrar pro mundo as complexidades pouco faladas. Uma tentativa de abraçar outras mães – num momento em que o abraço era impossível. De alguma forma, sentia que mostrar minhas vulnerabilidades diminuíam a minha solidão – ao entender que o mesmo se passava em tantas outras famílias – e assim, quem sabe, eu pudesse diminuir também um pouco da solidão de outras mães porta a fora.

Mas o fato é que, para mim, mesmo com todas as complexidades, a maternidade é uma explosão de beleza, vida e amor sem tamanhos – tanto que hoje tenho duas. E talvez, essas dores só sejam assim tão intensas pelo tanto que nossos filhos nos valem. Como dizem por aí: “É que tanto custa o que tanto vale”. E ouso dizer também, deixando a romantização de lado (como já fiz há tempos), a evolução da espécie humana não seria possível se nossos filhos não fossem assim tão apaixonantes! Então, sim, é um livro realista. Mas é impossível falar da realidade materna sem falar de amor.

Dora veio ao mundo durante o início da pandemia, uma catástrofe global. Qual foi o peso dessa circunstância na sua percepção enquanto mãe? E, ainda, a situação alterou sua visão de mundo em geral?

Acho que a pandemia amplificou os sentidos e sentimentos, quando saíram de cena todas as distrações do nosso dia a dia. Só que, pra mim, ela veio num momento em que todas as emoções já estavam extremamente amplificadas: recém-parida, com uma vida desconhecida e frágil no colo. Quando penso nisso, é impossível não falar de saúde mental e do papel da minha filha no meu mundo – e todas as complexidades que vêm disso.

Já temos um monte de estudos que falam do impacto da maternidade na saúde mental das mães e mais um tanto sobre saúde mental na pandemia. Então, viver a estreia como mãe nesse cenário do mundo certamente deixa um rastro na gente. Carrego comigo até hoje marcas, memórias corporais e psicológicas que seguem em mim desde que… atravessei uma pandemia? Ou desde que virei mãe? Acho que é uma resposta que nunca vou ter. E hoje, quatro anos depois, posso dizer que agora já pouco me importa (embora, em seus primeiros anos, muito tentasse desembolar e isolar acontecimentos que estarão pra sempre registrados no mesmo lugar da memória).

Por outro lado, mais uma vez, a dualidade da maternidade: apesar dos desafios e inseguranças potencializados, que dádiva poder passar por um momento tão cercado de morte assistindo de camarote à vida na minha sala, no meu colo. No período em que cada um de nós precisou encontrar ferramentas internas para lidar com o mundo se desfazendo, minha filha veio para refazer o meu mundo e me mostrar que existe vida no caos, existe amor no desespero e existem muitas razões para seguir e sorrir. Não sei como sobreviveria à travessia da pandemia sem ela nos braços, a razão diária de encher os pulmões e me arrancar sorrisos.

Só que esse contexto todo fez com que minha filha, para além de amor da minha vida, virasse de certa forma também a minha tábua de salvação quando o mundo me deixou na corda bamba. E, trocando com outras mães de períodos parecidos, vejo que a história se repete.  Mas será que crianças assim tão pequenas deveriam ter uma responsabilidade tão grande quanto “salvar” suas próprias mães?
Sinto que o impacto disso talvez não seja só em nós, talvez os bebês do período também carreguem marcas por terem sido, de alguma forma, uma geração de filhos salvadores, cujos impactos em seus comportamentos e formas de ver a vida a gente só vá entender anos à frente. Será?

Não tenho essa resposta, e hoje já aceito que é uma parte da nossa história da qual não tive mesmo controle. Ainda assim, agradeço pelos impactos serem “pequenos” e subjetivos perto de tudo que o mundo viveu.

Mesmo que o teor da obra seja pessoal, acredita que outras mães possam se beneficiar das narrativas? Há um público-alvo?

De maneira mais óbvia, mães e pais se identificam. Recebi relatos de mulheres, atualmente já avós, que ao lerem o livro retornaram para seus primeiros dias como mães e puderam reviver as mesmas sensações. Ao mesmo tempo, adaptando uma frase muito falada: grande parte das pessoas do mundo é mãe, e a outra parte são filhos delas.

É importante extravasar a barreira de que tudo que se refere a bebês é de interesse e responsabilidade exclusivo das mães e pais. Somente quando as pessoas conseguirem entender a realidade que as mães vivem teremos uma sociedade mais inclusiva, acolhedora. E talvez, então, a maternidade se torne um processo menos solitário. Se esse dia chegar, as belezas, que já não são poucas, vão poder finalmente ser vividas e degustadas com mais plenitude, sem tantos traços de exaustão, solidão e sobrecarga.

Respostas de 85

  1. hey there and thank you for your information – I’ve
    certainly picked up anything new from right here.

    I did however expertise several technical issues using this site, since I experienced to reload the site many
    times previous to I could get it to load properly.

    I had been wondering if your web host is OK? Not that I am complaining, but slow loading instances times will sometimes affect your placement
    in google and could damage your quality score if ads and marketing with Adwords.
    Anyway I am adding this RSS to my e-mail and can look out for much more of your respective exciting content.
    Ensure that you update this again very soon.. Lista escape roomów

  2. I’m amazed, I must say. Rarely do I encounter a blog that’s equally educative and amusing, and without a doubt, you’ve hit the nail on the head. The problem is an issue that too few folks are speaking intelligently about. I am very happy I found this during my hunt for something concerning this.

  3. Hi, I do think this is an excellent blog. I stumbledupon it 😉 I’m going to return once again since i have saved as a favorite it. Money and freedom is the greatest way to change, may you be rich and continue to help other people.

  4. After I originally left a comment I appear to have clicked the -Notify me when new comments are added- checkbox and now every time a comment is added I receive 4 emails with the exact same comment. There has to be an easy method you are able to remove me from that service? Thank you.

  5. Hi there! This article could not be written any better! Looking through this post reminds me of my previous roommate! He continually kept preaching about this. I am going to forward this information to him. Pretty sure he’ll have a good read. Many thanks for sharing!

  6. I have to thank you for the efforts you’ve put in penning this site. I really hope to see the same high-grade blog posts from you later on as well. In truth, your creative writing abilities has motivated me to get my own, personal site now 😉

  7. An interesting discussion is worth comment. There’s no doubt that that you should publish more on this topic, it might not be a taboo subject but generally people do not discuss these subjects. To the next! Many thanks.

  8. Right here is the perfect webpage for anybody who wants to understand this topic. You understand a whole lot its almost hard to argue with you (not that I really would want to…HaHa). You certainly put a fresh spin on a subject that’s been discussed for a long time. Great stuff, just great.

  9. I would like to thank you for the efforts you’ve put in penning this blog. I am hoping to see the same high-grade content from you later on as well. In truth, your creative writing abilities has motivated me to get my own, personal site now 😉

  10. Hi, I do believe this is a great web site. I stumbledupon it 😉 I will return once again since i have book marked it. Money and freedom is the greatest way to change, may you be rich and continue to guide others.

  11. Oh my goodness! Amazing article dude! Thank you, However I am having problems with your RSS. I don’t understand why I can’t join it. Is there anybody else getting similar RSS problems? Anyone that knows the solution will you kindly respond? Thanx!

  12. Aw, this was a very nice post. Finding the time and actual effort to generate a superb article… but what can I say… I procrastinate a whole lot and don’t seem to get anything done.

  13. Good day! Do you know if they make any plugins to help with SEO?

    I’m trying to get my website to rank for some targeted keywords but I’m not seeing very good results.
    If you know of any please share. Many thanks!
    I saw similar article here: Bij nl

  14. I blog frequently and I really thank you for your information. This great article has really peaked my interest. I will take a note of your site and keep checking for new details about once a week. I subscribed to your RSS feed as well.

  15. I seriously love your blog.. Excellent colors & theme. Did you make this web site yourself? Please reply back as I’m hoping to create my own personal site and would love to know where you got this from or exactly what the theme is called. Many thanks!

  16. Hello there, I think your site might be having browser compatibility issues. When I take a look at your website in Safari, it looks fine but when opening in I.E., it’s got some overlapping issues. I merely wanted to provide you with a quick heads up! Apart from that, wonderful site.

  17. A fascinating discussion is definitely worth comment. There’s no doubt that that you should publish more about this issue, it may not be a taboo subject but usually people do not talk about these issues. To the next! Best wishes.

  18. Howdy! This post couldn’t be written any better! Looking through this post reminds me of my previous roommate! He always kept preaching about this. I will send this article to him. Fairly certain he’s going to have a good read. Many thanks for sharing!

  19. Good post. I learn something more difficult on different blogs everyday. It should always be stimulating to read content material from other writers and follow slightly something from their store. I?d want to make use of some with the content on my weblog whether or not you don?t mind. Natually I?ll give you a link on your web blog. Thanks for sharing.

  20. I blog frequently and I truly appreciate your content. This great article has truly peaked my interest. I will book mark your site and keep checking for new details about once per week. I subscribed to your RSS feed as well.

  21. Hi there! I could have sworn I’ve visited your blog before but after going through some of the posts I realized it’s new to me. Regardless, I’m certainly delighted I found it and I’ll be bookmarking it and checking back regularly!

  22. I really love your blog.. Great colors & theme. Did you build this amazing site yourself? Please reply back as I’m hoping to create my very own site and would love to know where you got this from or exactly what the theme is named. Appreciate it.

  23. You’re so awesome! I do not believe I have read through a single thing like this before. So nice to find another person with genuine thoughts on this issue. Seriously.. many thanks for starting this up. This web site is one thing that is required on the web, someone with a little originality.

  24. I’m impressed, I have to admit. Rarely do I encounter a blog that’s both educative and amusing, and without a doubt, you’ve hit the nail on the head. The issue is something not enough folks are speaking intelligently about. I am very happy I found this during my search for something regarding this.

  25. Having read this I thought it was rather informative. I appreciate you finding the time and effort to put this content together. I once again find myself spending a significant amount of time both reading and leaving comments. But so what, it was still worth it.

  26. After looking over a handful of the blog posts on your blog, I truly appreciate your way of writing a blog. I saved it to my bookmark webpage list and will be checking back soon. Take a look at my website as well and tell me your opinion.

  27. You’re so awesome! I don’t believe I’ve read something like this before. So nice to discover someone with a few genuine thoughts on this subject matter. Seriously.. thank you for starting this up. This website is something that’s needed on the web, someone with a little originality.

  28. Next time I read a blog, Hopefully it won’t fail me as much as this one. After all, I know it was my choice to read, however I actually believed you would probably have something interesting to say. All I hear is a bunch of complaining about something you could possibly fix if you were not too busy seeking attention.

  29. You are so cool! I do not think I’ve truly read a single thing like this before. So good to find someone with a few genuine thoughts on this topic. Really.. many thanks for starting this up. This web site is one thing that’s needed on the web, someone with some originality.

  30. I’m amazed, I must say. Rarely do I come across a blog that’s both equally educative and engaging, and without a doubt, you have hit the nail on the head. The issue is something which not enough folks are speaking intelligently about. I am very happy that I came across this in my search for something relating to this.

  31. I have to thank you for the efforts you’ve put in penning this blog. I really hope to view the same high-grade blog posts from you later on as well. In truth, your creative writing abilities has inspired me to get my own website now 😉

  32. Right here is the right site for anybody who would like to find out about this topic. You realize so much its almost tough to argue with you (not that I really would want to…HaHa). You certainly put a new spin on a subject that has been written about for a long time. Wonderful stuff, just excellent.

  33. Nice post. I learn something totally new and challenging on blogs I stumbleupon everyday. It will always be exciting to read content from other authors and practice a little something from their websites.

  34. I’m amazed, I have to admit. Seldom do I encounter a blog that’s equally educative and entertaining, and let me tell you, you’ve hit the nail on the head. The issue is something that not enough people are speaking intelligently about. I am very happy I stumbled across this in my search for something regarding this.

  35. Oh my goodness! Impressive article dude! Thank you so much, However I am going through problems with your RSS. I don’t understand the reason why I cannot subscribe to it. Is there anybody getting similar RSS problems? Anybody who knows the answer can you kindly respond? Thanx.

  36. Your style is so unique compared to other folks I’ve read stuff from. I appreciate you for posting when you’ve got the opportunity, Guess I will just bookmark this site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *