OPINIÃO
Robinho, condenado na Itália por estupro, volta ao Santos e levanta debate sobre violência contra a mulher
Fernanda Haag, colunista do Brasil de Fato Paraná
Curitiba (PR) |
16 de Outubro de 2020 às 09:49
“O último capítulo de uma das maiores histórias do Santos. O Pedalada está de volta”. Foi com essas palavras que o Santos anunciou a contratação de Robinho, no último dia 10. Normalmente, o retorno de um ídolo seria motivo para comemoração. Mas você idolatraria alguém condenado (em primeira instância) por estupro? Pois foi exatamente o que clube fez — e com apoio de torcedores. Em 2017, o jogador recebeu a condenação por estupro coletivo pela corte de Milão por um caso ocorrido em 2013, com uma mulher albanesa. Para os que afirmam que “a denúncia encerra a carreira do jogador”, notamos que não é assim que a banda toca.
Claro, a naturalização da violência contra a mulher não é exclusividade santista, mas sim um problema do futebol. Só para ficar nos casos mais recentes, basta lembrar do goleiro Jean ou do atacante Dudu. O futebol não é só reflexo da sociedade — ele também constrói essa sociedade. E aí vem a pergunta: qual a mensagem que os clubes passam quando acolhem esses jogadores, sem problematizar a violência? Fica evidente que, para eles, a vida das mulheres não tem valor. Vale menos do que uma pedalada. Não estamos aqui para julgar ou reforçar uma sanha punitivista, mas para debater o caráter social dessa contratação e o machismo no esporte.
Essa lógica machista que impera também dificulta a denúncia por parte das vítimas, pois as consequências geralmente pesam sobre elas. Assim, mais do que fazer posts em redes sociais, os clubes e federações precisam enfrentar de fato a violência contra as mulheres, e não compactuar com ela. Fica o chamado também para os homens se posicionarem neste momento e cobrarem, como muitos torcedores fizeram. Em um país onde a cada 4 minutos uma mulher é agredida, isso é obrigação. Aliás, nesse mesmo país, esses jogadores são tratados como ídolos enquanto uma atleta, Carol Solberg, é censurada por gritar “Fora Bolsonaro”. Perguntamos novamente: quanto valem a vida e as palavras das mulheres?
Pedro Carrano é o responsável pelo Boletim de Notícias da Kotter. Pedro nasceu em São Paulo (SP), em 1980. Jornalista, militante político e pai da Clara. Tem livros de reportagem e poesia. “Meninos sem Matilha” é seu segundo volume de contos.
Imagem, fonte: Globo Esporte
Respostas de 2
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