O velho Sigmund – Edson Cruz (Poéticas da escrita)

Esta coleção, que se denomina “Incompletas”, é demais. Tenho a da Imago, que se denomina “Completas”, no Kindle. No entanto, a partir de agora vou atrás de todos os volumes desta.

Leio Freud espaçadamente desde meus tempos do curso de Psicologia. Por meio dele, cheguei a Jung e depois a Reich (que se tornou uma paixão durante muitos anos).

Hoje, mais maduro e com quilometragem de leitura, fiquei surpreso com este volume traduzido pelo filósofo Ernani Chaves direto do alemão.

Além do prefácio e posfácio iluminadores, há 12 textos do Freud que mostram seu interesse pela literatura, pela arte e pelos artistas. Por exemplo, aborda os processos criativos do poeta, uma lembrança da infância de Leonardo da Vinci e outra de Goethe, a escultura “Moisés” de Michelangelo, textos de Shakespeare e Dostoiévski, um passeio em companhia do poeta Rilke e de Lou Andreas-Salomé.

A edição traz também o discurso que ele proferiu quando recebeu o Prêmio Goethe. E que discurso.

É muita coisa boa que mostra o respeito que Freud tinha pelos artistas. Ele acreditava que os artistas funcionam como faróis, antenas do seu tempo, captando as fantasias e excessos de uma determinada época.

O homem que perscrutou os abismos da alma humana afirma em “O poeta e o fantasiar” (1908):

Não deveríamos procurar os


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primeiros indícios da atividade poética já nas crianças? A atividade que mais agrada e a mais intensa das crianças é o brincar. Talvez devêssemos dizer: toda criança brincando se comporta como um poeta, na medida em que ela cria seu próprio mundo, melhor dizendo, transpõe as coisas do seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada. […] O oposto da brincadeira não é a seriedade, mas a realidade [Wirklichkeit]. A criança diferencia enfaticamente seu mundo de brincadeira da realidade, apesar de toda a distribuição de afeto, e empresta, com prazer, seus objetos imaginários e relacionamentos às coisas concretas e visíveis do mundo real. Não é outra coisa do que este empréstimo que ainda diferencia o “brincar” da criança do “fantasiar”.

O poeta faz algo semelhante à criança que brinca.

Edson Cruz (Ilhéus, BA) é poeta, editor do site Musa Rara (www.musarara.com.br) e coordenador de Oficinas Literárias. Estudou música, psicologia e letras (USP). Seu livro de poemas, Ilhéu (Editora Patuá, 2013) foi semifinalista do Prêmio Portugal Telecom de 2014. Antes, lançou Sortilégio (poesia), em 2007, pelo selo Demônio Negro; como organizador, Musa Fugidia [a poesia para os poetas] pela Moinhos Editora; em 2010, uma adaptação do épico indiano, Mahâbhârata, pela Paulinas Editora. Em 2011, ganhou a Bolsa de Criação da Petrobras Cultural e editou o livro Sambaqui, pela Crisálida Editora. Lançou em 2016 sua antologia poética, O canto verde das maritacas, Editora Patuá. Em 2019, lançou Trabucada, Terracota Editora, infanto-juvenil para todas as idades. Em 2020, lançou Pandemônio, Kotter Editorial.

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