Romance de Álamo Enfant é um elogio da desesperança
Em 1.448 páginas, “Um mal-estar fundamental” parece um gigantesco quebra-cabeças que revela toda maldade humana
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É na corda bamba entre o pesadelo e a comédia que caminha o romance Um mal-estar fundamental, assinado pelo heterônimo Álamo Enfant – criado por Rafael Guimarães, do Rio de Janeiro. Em 1.448 páginas, a narrativa – lançada pela Kotter Editorial, de Curitiba – apresenta uma sucessão de peripécias absurdas, vividas por personagens estereotipados e caricaturais, em uma amarração estética que promete sobrecarregar todos os sentidos do leitor.
De acordo com o editor da obra, Claudecir Rocha, “toda maldade humana” está condensada no trabalho do autor nascido em 1995. “Apesar do número de páginas, não sobra nenhuma palavra”, observa o doutor em Literatura pela Universidade Federal do Paraná. “O livro traz todos os instintos mais primitivos”, explica. “Os fetiches mais perversos afloram num tom tragicômico, picaresco, em um pequeno povoado onde acontecem as maiores barbaridades e atrocidades que somos capazes de cometer.”
Foi para dar conta de descrever as cenas mais absurdas, aliás, que Guimarães optou pelo surgimento de Álamo Enfant. “A criação de heterônimos foi uma forma que encontrei de dar vazão aos tantos narradores que existem na minha cabeça”, explica em entrevista ao blog da Kotter, pontuando que outros nomes com os quais assina operam de maneiras totalmente diferentes de Enfant, dono de uma dicção frenética e digressiva. “Não admiro escritores que produzem de forma dissimulada”, prossegue. “Gosto e me inspiro em autores que pedem ‘pelo amor de Deus’. E isto só é possível através do sofrimento, honestidade e transparência.”
Serviço
Um mal-estar fundamental
Álamo Enfant
Kotter Editorial
1.448 págs.
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