Sóis de Janeiro – Fabio Santiago

A borboleta azul entra pelos ouvidos e narinas do vivente e enche de cores o que pálido está nas paredes e vulcões da cidade, sob o sol vibrante de janeiro.

O sol não me cansa. 

Quem quiser frio, que vá para o Polo Norte! 

Eu quero o sol do deserto, do sertão, sob o signo escaldante dos janeiros. 

Um golinho de nada, e lá vamos nós. 

O golfinho transcendental na cintura da moça, o umbigo sublime da companheira e o impossível que flameja na poesia que acorda o dia e invade a crônica. 

Quero mais um Dry Martini e os caminhos da Gin Tônica a anunciar que o ano começou, o espocar das champanhes e a espuma das cervejas. 

Quero alumbramentos. Arco-íris psicodélico das sensações. 

Hermeto Pascoal, com o seu cérebro magnético, toca no YouTube enquanto escrevo. *Frevo Alagoano*. Djavan resolveu passar pelo pensamento. Ah, Maceió, logo voltaremos para o seu marulhar sereno. 

A borboleta azul quer encontrar a borboleta amarela do bairro do Braga. Quer tentar uma revoada das coloridas em jardins multicores. 

A psicodelia dos olhos livres perscruta as esquinas. Cores pálidas do centro, esquimós. Curitiba fez sol, e acordo bem para escrever esta crônica ensolarada, enquanto Ivo e a banda Blindagem cantam: “Certas luas, dias incertos”. 

Janeiros me lembram a liberdade dos recessos, das férias, a liberdade para a existência: fazer o que quer, viver o que quer, não ser escravo das horas nem dos sistemas. 

Comidas e aromas, banho de mar. 

Dezembrino passou. Januária está aqui, na janela dos novos bons sabores. 

Horizontes voláteis e tudo que for bom virá: “Impávido que nem Muhammad Ali”, e no “Trem das Cores”, do mestre Caetano, para o infinito de nós mesmos. 

A borboleta azul passeia pelo cérebro, derrete estalactites, pinta o sonho e os dias. 

Que venha, com luz, o impossível em girassóis vangoghianos. 

A estival, quem vem? Mar? 

Luzes e sombras sobre o teclado do velho PC. 

Nestes sóis de janeiro, o ano começa em conta-gotas. 

Fabio Santiago nasceu em Maceió (AL), em 1973, e está radicado em Curitiba (PR). Publicou os livros A marca do vampiro (compre aqui, 2023), Cantos temporais e Mar de sombras, ambos em 2022, Versos magros (2021) e Intramuros (2020). É formado em Comunicação Social e criador do blog Acre infuso, ativo desde 2004. Redes sociais: @fsantiago006 (Instagram) e Fabio Santiagoc (Facebook)

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