por Tarso de Melo via Instagram @tarsodemelo76
“Subir pelo inferno, descer pelo céu” (Kotter, 2021), novo livro do poeta Marcelo Ariel, é um assombro. Diário, crônica, poema(s) em prosa. Potente-selvagem como toda a arte de Marcelo Ariel costuma ser – contra as expectativas, contra os automatismos. Pelo tanto que diz, pelo que deixa de dizer. A primeira parte, “Subir pelo céu”, é composta por 105 textos escritos pelo poeta durante 2020, registrando – transfigurando – os dias de recolhimento em meio à pandemia. Os poetas que estão sobre sua mesa se misturam aos mortos que se avolumam no noticiário. O “lá fora” e o “aqui dentro” explodem à medida que Marcelo se (re)volta para os livros com os olhos treinados na observação dos destroços. Como aquelas retinas fatigadas diante da pedra intransponível (porque há muito Drummond em seu diário), os olhos de Marcelo raptam o que alcançam. Se não bastasse, a vertigem é ainda maior na segunda parte, “Descer pelo céu”, em que Marcelo pouco diz, apenas o suficiente para convocar o leitor a dizer: “dentro de nós haverá sempre esse movimento lento no interior do tempo avançando para fora dele, exatamente para o núcleo do presente e depois dessa queda, dessa solidão, dessa vertigem, ele será a vida:”. E o livro termina assim, em dois pontos, abrindo um abismo, porque aí o diário abandona a esfera da intimidade, despede-se da voz pessoal, dos contornos da individualidade, e abre-se para o improvável das vozes dos seus leitores, que se fazem, assim, coautores do diário e, mais ainda, da travessia que Marcelo inaugura. Um livro que é metade do autor, metade de ninguém-todomundo. Metade fala, metade silêncio para conter outras falas. Um livro que se completa fora de seus limites, sem controle: um livro imenso. E crescente. Infinito.
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Foto: Claudia Sehbe
*Tarso de Melo fez a graduação na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Ainda durante o curso de Direito, começou sua carreira literária e editou a revista Monturo (com três edições), em companhia de Fabiano Calixto e Kleber Mantovani. De 2002 a 2004, editou, com Eduardo Sterzi, a revista de poesia Cacto (que teve quatro números). É, desde 2006, um dos editores de K Jornal de Crítica.
Além de sua atividade como crítico, editor e poeta, colaborou com a reedição da correspondência entre Paulo Leminski a Régis Bonvicino, Envie meu dicionário. Coordenou o núcleo de leitura de poesia Observatório do poema, na livraria Alpharrabio, em Santo André. Recebeu a Bolsa Vitae de Artes em 2005,[3] e o projeto financiado gerou o livro de poesia Lugar algum.
Respostas de 36
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