Por Anelito de Oliveira Entre os poemas mais estarrecedores de Cruz e Sousa está, sem dúvida, “Tédio”, do livro Faróis, publicado em 1900, dois anos depois da morte do poeta, pelo seu amigo-irmão-de alma Nestor Vítor, paranaense de Paranaguá. “Tédio”, exibindo a atmosfera blueseira, ou banzeira, que caracteriza todo o livro, abre-se assim: “Vala [...]
por Nicodemos Sena Muito difícil falar ou escrever sobre a Amazônia, mesmo para quem nela nasceu e cresceu. Por sua vez, "o europeu geralmente se perde quando quer colocar a ficção no imaginário amazônico", reconheceu o escritor e crítico literário francês Jean Soublin, em mesa-redonda sobre "o real e o imaginário na narrativa amazônica", [...]
por Bruno Nogueira Começo a meditar fechando os olhos. Tento imergir no ambiente a meu redor, apesar de tudo. Tento sentir o peso do meu corpo na cadeira, as mãos apoiadas nas coxas e me concentrar nos sons ao meu redor, como diz o aplicativo. Escuto os poucos carros que passam a essa hora, [...]
por Bruno Nogueira Ela levou tudo embora, mas a bolsa ficou na sala. Quando olhei estava vazia, mas avisei e ela não quis buscar. Disse que prefere a nova. Mas a bolsa abandonada não está velha. O couro ainda tem aquele cheiro leve-terroso de couro novo, é liso, macio, o tecido dentro é suave, [...]
por Daniel Osiecki Neste hiato de um mês desde o último texto desta coluna, muita coisa aconteceu. Nem é preciso dizer que muitas delas relacionadas ao hospício em Brasília e a seu representante maior, o Johnny Bravo da caserna, o governante medíocre e falastrão que iria acabar com tudo isso daí, talkei? Como os tempos [...]
por Vinicius Comoti Criar esperas para preenchê-las. Robert Bresson A carruagem debandava pela noite fria quando o poema russo terminava de ser escrito sob a nudez de uma santa terrestre. Se esculpiam mutuamente mestre e felino, choque e volúpia, âmago e patologias; desajeitados, foram logo cobertos pela vilania do feudo que não aceitava qualquer [...]