Passeio Público – Crônica de Eugênio Vinci de Moraes
Domaram o passeio público. Sumiram com os pedalinhos, com a bicicletaria e o restaurante Pasquale. O prefeito vetou a cerveja e a caipirinha que tomávamos em frente ao lago. Há pipocas com bacon, balões e balanços para as crianças. Não vi as putas nem os michês. Talvez estivessem com clientes. O povo da jogatina lixava […]
O amigo colombiano – crônica de Eugênio Vinci de Moraes
Um colombiano esguio como uma escultura de Giacometti abordou-me num domingo à noite. Escurecido pela pátina que a cidade lhe deposita todos os dias, pediu-me alguns trocados. Éramos ele e eu na rua vazia. Manteve-se à distância, à espera da minha devolutiva, com os olhos fixos numa roleta imaginária onde giravam as palavras sim e […]
Julho de 2020 – Última Parte – crônica de Bruno Nogueira
Cássio olha pro silêncio de Damiano por uns segundos, esperando uma palavra de concordância como um cachorro espera um afago, mas o afago não vem e ele decide ir ver o que a Clarinha está fazendo. Juro que vou arrumar uma coleira viu. Putinha assim você precisa de coleira e segurar perto […]
Guardador de Datas – Crônica de Fabio Santiago
Quem gosta de guardar datas, carrega consigo o seu inventário de números, não se engane, estes números bailam e acendem as remembranças, são pontes numéricas para um passado presente, o futuro, só aos números pertencem. Conheço guardadores de palavras aos montes, pessoas que preservam o tempo por acontecimentos, sabores, perfumes, suores, sentimentalidades… Tenho um amigo […]
Quem quer levar o Nobel? Coluna Vate Voraz – Daniel Osiecki
por Daniel Osiecki No último dia 7 de outubro deste ano, o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah foi laureado com o maior prêmio literário do mundo: o Nobel. Naturalmente que a premiação esteve nos trending topics literários de todas as redes sociais possíveis e imagináveis por vários motivos. Um deles foi, mais uma vez, o prêmio […]
O Livro Que Não Era Meu, Foi Passear, Não Retornou, Fantasma! – Crônica de Fabio Santiago
por Fabio Santiago Augusto, como um fantasma visionário refugiou a minha infância. Veja poeta, ninguém assistiu ao enterro da minha última quimera, nem visitou os arredores, apenas a ingratidão – esta pantera – foi a minha companheira, na solidão se fez amiga. Entre as feras quis ser fera, não pude, melancólico traço, escarro, escarro! Liguei […]