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Contos de fim de ano – crônica de Eugênio Vinci de Moraes

As cigarras pacificam a tarde com um canto entorpecente. Em coro, os grilos as acompanham neste dia quente. A primavera derrama-se às portas do verão, colmada que foi pelo frio a um tempo extemporâneo e apocalíptico. Sei por boas fontes que isso não ocorreu só na fria Curitiba, mas em muito estado mais ao norte […]

Passeio Público – Crônica de Eugênio Vinci de Moraes

Domaram o passeio público. Sumiram com os pedalinhos, com a bicicletaria e o restaurante Pasquale. O prefeito vetou a cerveja e a caipirinha que tomávamos em frente ao lago. Há pipocas com bacon, balões e balanços para as crianças. Não vi as putas nem os michês. Talvez estivessem com clientes. O povo da jogatina lixava […]

O amigo colombiano – crônica de Eugênio Vinci de Moraes

Um colombiano esguio como uma escultura de Giacometti abordou-me num domingo à noite. Escurecido pela pátina que a cidade lhe deposita todos os dias, pediu-me alguns trocados. Éramos ele e eu na rua vazia. Manteve-se à distância, à espera da minha devolutiva, com os olhos fixos numa roleta imaginária onde giravam as palavras sim e […]

Ciclovias nunca antes pedaladas – crônica de Eugênio Vinci de Moraes

por Eugênio Vinci de Moraes. Pedalei como um remador de galés dia desses. O Tonico que me arrastou pra essa travessia ciclística. E a maré não estava nada favorável: fazia um frio islandês e uma garoa vassourava nosso rosto de quando em quando. Saímos do Pilarzinho rumo ao Jardim Social com destino ao Bosque de […]

Recado da Primavera – Crônica de Eugênio Vinci de Moraes

por Eugênio Vinci de Moraes. A primavera chegou. Desculpe a frase fácil. Talvez devesse rebuscá-la, pingar uma metáfora, desarranjar-lhe a ordem. Mas quem pode com a primavera? Por mais amazônias que se queimem, ela insiste em voltar. Por trás da janela, florinhas amarelas espocam no ar lavado de sol. E a farra das folhas, preenchendo […]

Cancílio da Exanção – Crônica de Eugênio Vinci de Moraes

por Eugênio Vinci de Moraes  Enquanto o ar cospe leões desdentados, beletristas carregados na brilhantina assumem os destinos da republicareta tupiniquim. Guias  desmusculados marcham, chapadões, no planalto central. Há uma manada raivosa na loja de louças da democracia brazuca. Mergulhou-se no exílio mental. A cada dia pingam uma nova gota lisérgica em nossa água. A […]