3 em 1, tríade de pequenos livros de poemas de Henrique Duarte Neto, apresenta-nos Viva Vivaldi!, breve coletânea que apresenta ao leitor composições no gênero tanka — gênero poético japonês que remonta ao Período Heian (séculos VIII – XII d.C.), quando foi publicada a clássica antologia Manyoshu –, como também Engenho efêmero, poemas em prosa e Imerso no verso, poemas em versos livres. Em todas essas formas poéticas, o autor demonstra fina sensibilidade e hábil domínio das técnicas do verso, além das relações intertextuais que estabelece com os poetas que habitam o seu paideuma particular – Baudelaire, Rilke, os românticos — e a presença constante da música, sobretudo Vivaldi e Chopin. Na primeira obra, dedicada ao tanka, lemos peças de notável concisão e síntese, como Invernal: “Noite funda, / gélida / no campo. / Coração quente, / Amor juvenil”, em que a simplicidade oculta o refinado artesanato da construção. O tanka, menos conhecido do que o haiku, é formado por um terceto e um dístico, que mantém relativa autonomia de temática e sintaxe, como se fossem dois planos cinematográficos, aproximados pela montagem, que se relacionam de modo analógico, metafórico – não por acaso, o cineasta soviético Sergei Eisenstein percebeu a íntima conexão entre as técnicas do cinema e da poesia japonesa. Os tankas de Henrique Duarte Neto, como acontece na peça citada nesta breve apresentação, revelam a construção delicada da imagem, o jogo poético entre a realidade objetiva e o mundo subjetivo, as recordações da infância e da natureza, as referências ao mundo do trabalho, em suma, o pequeno universo do cotidiano, reinventado pela imaginação poética […]
Henrique Duarte Neto é catarinense, poeta e crítico literário, funcionário público e professor, doutor em Literatura, pela UFSC, e pós-doutor em Estudos Literários, pela UFPR. Já tem na bagagem mais de 10 livros entre crítica literária e poesia. 3 em 1 representa sua mais ousada aventura poética até aqui, pois são três livros inéditos em um único volume.
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Bagorra Paulo Ribeiro Paulo Ribeiro, neste volume de contos, consegue manter o seu estilo inconfundível de escrita e o fôlego das narrativas envolventes que marcam o conjunto da sua obra. E bagorra, se não me falha a etimologia da palavra, é aumentativo de “bago”, cuja acepção remete a pau, cajado, báculo... O autor é tão hábil no manuseio da linguagem,...
Johann Heyss Prefácio por Priscila Merizzio: "Assim que as portas das catedrais dos outros mundos são abertas, é impossível escrutinar as arritmias cardíacas daqueles que ousaram repicar seus sinos. Não se perfila as vertigens. A Natureza contém sua ética, portanto, é inerente confrontar-se com seu mel e açoite. /Crianças do abismo/ é um romance poético, com belíssimas imagens, metáforas e...
Lucas Haas Cordeiro Doidos, drogados, tarados, fetichistas, assassinato, Curitiba. Poderia ser um resumo, ou imitação de Dalton Trevisan, vampirismo literário, quem sabe? Acho que Lucas Haas Cordeiro matizou, neste seu pavão, uma trama furta-cor, atravessada por diversas personagens alucinadas (de luz e de loucura), numa linguagem também furta-cor, uma espécie de cromatismo psicodélico do frio, uma arquitetura em que o...
Poesia de Amor, de Ódio, de verdade Há neste livro de poemas de Inez Oludé da Silva, como ela mesma diz, sentimentos de amor e ódio. Esses dois sentimentos se manifestam ao longo dos poemas sob a forma de insulto, de vingança e, muitas vezes do humor. Poesia...
Nestes tempos em que os procedimentos concretistas integraram-se ao cânone, a poesia experimental tornou-se carne de vaca; ganhou em prestígio o que perdeu de potencial crítico. O verso morreu. É com tal ânimo que recebemos Parsona, de Adriano Scandolara, e ele vem como uma lufada de vento fresco — ou uma bofetada — na cara. Aqui, o experimentalismo não tem...
Nesse eis-me aqui, Marcelo Sandmann fala do sentido lâmina e luz, é concisão em súbitos e é expressão em ritmo eviscerando ser. Lírica forte que põe nossos corações feito picadeiros - arremessando palavras necessárias, fazendo brotar feras e deuses novos em folha. Entre sonetos noturnos, uma leitura que é espaço antigo e hoje no caramanchão de estrelas. É fala erudita...
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