Poesia é negócio de grande responsabilidade. Somente aquele que é capaz de entregar-se aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e ação, pode se considerar um poeta de ofício. Poeta tem de viver armado; aquele que dorme desarmado fica à mercê da inspiração fácil. Um poeta precisa viver desperto, se pretende encontrar nas coisas vivas, motivos para a sua criação. Como escreveu Adélia Prado, “Eu sempre sonho que uma coisa gera, nunca nada está morto. O que nos parece vivo, aduba. O que parece estático espera. ” Para entender como funcionava a Máquina do Mundo, Drummond deve ter buscado respaldo em Heidegger, Bérgson, Eisenstein, Heisenberg, Sófocles, Borges, Joyce … nada vem de graça a um poeta que dorme. As artes mantêm suas cumplicidades. Em 1619, Descartes sonhava com o Espírito da Verdade e daí saiu o Discurso do Método; portanto, ele não dormia, seu corpo descansava, enquanto a alma do homem inquieto fechava acordos com as genialidades.
Carlos Khaê
Professor de Literatura e Economia, pós-graduado em jornalismo, compositor, Carlos Kahê é baiano, de Itabuna, conterrâneo de Jorge Amado e Adonias Filho; autor de seis romances e três livros de contos publicados, a saber: Sangue na rua das flores, romance, ed. helvécia, Salvador; O bailado humano, contos, ed. 7letras, Rio; O rio perene, romance, ed. seven&system, SP; A rosa do tempo, contos, ed. livronovo, SP; Salvador, território africano?, romance, Via editora; O dia em que o diabo veio morar em nossa rua, romance, Via editora; O santo selvagem, romance, Via editora; A orquestra dos mortos, romance, Via editora; O
homem do terno azul, contos, Via editora, Salvador e Itabuna. A luz branca da sinfonia, poesia, Mondrongo, Itabuna. Ba. Publicação em revistas: (Bestiário) e coletâneas de contos (Febraban), Kahê tem livro resenhado por Rascunho e dispõe de obras inéditas em poesia: Azul num ponto infinito; A hóstia pela metade, Badoque: a doçura do ácido; Travessia para o sol, Poema Limpo; no gênero, romance, A noiva da cidade, Os amores de Eva, O filho perdido e Flores a um grande amor, este, inspirado em um original de Jane Austen), adaptado na Bahia do Arrocha e do Axé.
E-mail: carloskahe@gmail.com
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