O livro 50 de Júlio Almada traz uma reunião ímpar da produção poética, deste autor que não se deixa intimidar pelo tempo. Quanto mais o tempo passa, maior a força ganham estes versos que habitam as entranhas das cidades e as vísceras dilaceradas da América Latina. O sujeito poeta, sempre de chapéu e com o volume da sua voz que atravessa o bar ganha o fôlego nestas páginas. Há uma convite ao leitor para descer às trincheiras da poesia para vislumbrar que “No/ No underground/ Sempre há/ Um degrau a mais” e também para lembrar que “Só voa quem de céu é feito”. O voo não foi possível sem dar “A Deus Curitiba” depois que a “alma andarilha” percebeu que “o amor é um precipício do cão”. Júlio nunca desistiu, desde a Feira do Poeta nos idos de 1900 e lá vai pedrada e ainda é possível que cave a sua própria “Cova” com a sua “Máquina de moer carma”. Leitor, este é uma oportunidade para conhecer “junkies on the rocks/ Em ruas que não eram minhas”. O poeta vem para nos dizer que ainda é possível resistir frente ao mundo cão “em um mapa sem cachorros”. A poesia de Júlio Almada resiste!
Rafael Walter
Julio Urrutiaga
Julio Urrutiaga Almada é poeta, escritor, professor, tradutor e dramaturgo. Transeunte do Mundo. Identificado com a realidade latino-americana. Geminiano com ascendente em peixes e lua em câncer. Nascido em 15/06/1969.
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