Mojubá, primeiro romance do poeta, escritor e crítico literário Claudio Daniel, é ambientado na cidade de Salvador, marcada pelos graves problemas políticos e sociais da atualidade, como a intolerância religiosa, o racismo, a homofobia, a misoginia, o neofascismo e a violência policial contra jovens negros dos bairros de periferia e outros setores discriminados da sociedade brasileira. Os personagens do romance são os orixás da tradição religiosa afrobrasileira, representados como advogado (Xangô), serralheiro (Ogum), dançarina (Iansã) e secretária (Oxum), e a narração é feita em primeira pessoa, por João Mojubá, que é ninguém menos que o orixá Exu. As peripécias centrais da narrativa deste romance – ou rapsódia, como disse Mário de Andrade a respeito de Macunaíma – parodiam as histórias orais da tradição iorubá (ou itãs), apresentadas em situações contemporâneas, numa linguagem híbrida, que mescla os recursos da prosa com os da poesia – no caso, os orikis, ou poemas cantados de origem iorubá, que até hoje são cantados nos terreiros de candomblé. A narrativa principal de Mojubá é mesclada a várias outras pequenas histórias, nas quais são contadas a origem, atributos e ações mais conhecidas de cada orixá, ambientadas nos dias de hoje, envolvendo ainda a questão ambiental, as crises de saúde pública e outros temas do Brasil contemporâneo. Amor, preconceito, violência, denúncia social e cultura popular são alguns ingredientes desta obra, que apresenta ainda momentos de humor e irreverência, em meio à tragédia em curso no país.
Claudio Daniel é poeta, escritor e crítico literário. Doutor em Literatura Portuguesa pela USP, foi curador de literatura no Centro Cultural São Paulo, diretor adjunto da Casa das Rosas e colunista da revista CULT. Publicou, entre outros livros, Cadernos bestiais, breviário da tragédia brasileira (Lumme Editor, 2018) e Marabô Obatalá (Kotter, 2019), ambos de poesia. Mojubá é o seu primeiro romance.
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Este livro é sobre a prosa de Gertrude Stein, sobre as influências que ela exerceu e exerce sobre artistas e escritores, e sobre sua tradução, interlinguística e intersemiótica. Mas “Gertrude é uma Gertrude” (Augusto de Campos, 1986). Ela ainda parece ser, como Edmund Wilson sugeriu há décadas, “absolutamente ininteligível mesmo para o mais simpático leitor”. Se seus experimentos não se adequaram facilmente...
Amuletos de Prosa e Verso, de Lindsey Rocha Lagni "Amuletos de prosa e verso encerra duas disposições iniciais importantes — se, por um lado, os amuletos trazem em si poderes mágicos de proteção, por outro, eles nos deixam mais audazes, já que salvaguardam e atraem a boa sorte e, assim, repelem maus agouros. Essa antinomia instiga os leitores nos poemas...
Transcendência muito Luci Collin derrubando as paredes das palavras os ritmos que fez que inventou pra si pra nós bandido da poesia que espalha fascínio vaticínio metáforas fumaças festas isso do jorge. verso de grande risco. afora a ânsia grito por vício por todos os poros expiando almas espuma e (drible) saliva e beco. esquina das bocas. canto de coragem...
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