O TREM REINICIADO traz de volta o melhor da poesia de José Maurício, na qual ele realmente consegue nos “entregar o mundo de volta”. Colocando um olhar firme e arguto sobre os fenômenos da natureza, ele desmascara nossos clichês, nossa visão comum, e nos deixa nus das supostas verdades que habitualmente cultivamos.
Há um toque épico nesse livro. Uma poesia de trajetória, de enfrentamento, de encontro com a hora em que o dia incendeia para nos livrar da dimensão miserável. Toda esquisitice, toda inadequação, toda fratura do mundo encontram aqui sua redenção.
Somos convidados a um olhar furtivo, quase clandestino, por trás da nossa cabeça, através do espelho enviesado do barbeiro, a fim de, desviando da censura dos nossos próprios olhos vigilantes, acessar as nossas profundezas. Pelo avesso ressuscitados, chegamos enfim a perguntar: o que nos resta?
Provocador, ele dispara: toda onda pede para ser surfada! O que é a vida, então, senão um excesso? José Maurício faz muito bom uso de seu tempo enrugado. Com a pose altaneira do buriti, que varre o céu enquanto vai pulando feito saci ao longo da vereda, ele costura as poesias desse livro como imagens que vão se sobrepondo até que o buriti apareça em todo lugar.
José Maurício Burle
José Maurício Lobo Burle é carioca, mas reside em Brasília desde 1977. Cursou Agronomia, Letras e Direito (sem concluir os dois últimos cursos), todos na UnB. Viveu um tempo entre as favelas nordestinas e os rincões da Amazônia, antes de se fixar em Brasília como consultor concursado da Câmara dos Deputados, especializando-se em Direito Agrário, Ambiental e Indígena.
Tem dois livros de poesia publicados em Brasília e várias poesias incluídas em antologias nacionais. Também fez edições avulsas de alguns contos. Sua vida e seus versos estão sempre ligados à temática da terra e da labuta do homem do campo. Praticante de meditação, coordena a ASSOL – Assentamento Solidário – ONG dedicada a apoiar os assentamentos de reforma agrária no entorno do DF.
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