Ode Mundana, revista e ampliada – Luiz Felipe Leprevost
O termo ‘Mundana’ aqui se move mais na direção de sua raiz latina do que ao uso corrente que fazemos das derivações dela. É uma ODE DO MUNDO ou AO MUNDO e abre com uma epígrafe de Leopoldo Panero com a qual vamos dialogar em espelho aqui através de outra: “el bisturi em la frente para ver” esse é um livro escrito com o bisturi na testa para poder ver. Conversa visceralmente com os manifestos de Jello Biafra da banda Dead Kennedys e com as canções primais de Redson da banda Cólera, com as canções dos dois primeiros discos da banda Nirvana e também com os dez discos iniciais de Rogério Skylab. Leprevost estabelece uma espécie de conversa com as parcas e as fúrias que estão fumando maconha dentro de um quadro de Bosch, a fumaça escreve algo melhor do que este posfácio, convido todos e todas a contemplarem o nó que ela faz significando vida. Uma fúria soprou estes poemas para ele.
É praticamente impossível dissociar o corpo da voz escrita, um urso que engole fogo e depois come orquídeas escreveu esse livro. Como o mundo dentro do título do livro, este posfácio acabou e ainda assim continua. Alguns poemas aqui parecem conversar com outros poemas dentro deles, como uma mãe conversa com o filho no ventre, não será difícil para o leitor-leitora pressentir o poema dentro do poema é como se o autor desejasse que vocês roubassem o poema interior dentro do poema escrito. E a cada vez que alguém-alguma vomitasse a palavra ‘mito’ poderíamos responder: “o vento morteiro/ o império dos bueiros” ou “e esses pratos de pacto de sangue da política/ custam no mínimo os olhos da cara”.
Este livro é também a transfiguração do jovem que o escreveu no homem delicado e perigosíssimo que soube converter sua tristeza e cansaço em energia da recusa e através dela, estes poemas respiram seu próprio hálito no meio da rua.
Marcelo Ariel
Luiz Felipe Leprevost
Luiz Felipe Leprevost nasceu em 1979, Curitiba – PR. Publicou os livros de poemas Tudo urge no meus estar tranquilo (Encrenca, 2017), Uma resposta difícil (Arte & Letra, 2019) e O poeta queima voluntariamente (Arte & Letra, 2020). Os romances Dias Nublados (Arte & Letra, 2015) e E se contorce igual a um dragãozinho ferido (Arte & Letra, 2011). Também os contos de Inverno dentro dos tímpanos (Kafka Edições, 2008) e Salvar os pássaros (Encrenca, 2013), entre outros.
foto: João Debs
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