Música documenta história brasileira
Este “Volume Zero” enriquece a resposta para a pergunta “Quem foi que inventou o Brasil?”. Feita por Lamartine Babo na marchinha “História do Brasil” de 1934. Ele mesmo respondeu que foram os europeus, os indígenas e os africanos que formaram o povo e a identidade do país.
Este novo trabalho de pesquisa aprofunda essa resposta e mostra que a invenção do Brasil pela música é ainda mais antiga e difusa. Remontando pelo menos ao período da independência no século XIX.
Invenção antiga do Brasil pela música popular
Algumas das primeiras canções documentavam a formação do Brasil como nação independente. Foram produzidas nos palácios e instituições oficiais da época. Mas a maioria na verdade nasceu nas ruas, ou seja, nos circos itinerantes, barracas de artistas ambulantes, senzalas, teatros populares, salões informais, rodas de boêmios, cafés-cantantes e outros espaços. Onde o povo se reunia para cantar, dançar e debater os acontecimentos do momento.
A música popular brasileira, cantando, brincando e muitas vezes improvisando, buscou desde o princípio registrar os fatos históricos, as transformações sociais, as dificuldades e os anseios do povo. Frequentemente entrando em atrito com as elites dominantes quando expressava insatisfações ou críticas ao status quo.
Sons de protesto no Brasil imperial
Já no Período Imperial do Brasil essa característica de servir como voz do descontentamento popular e registrar os anseios de mudança política e social se acentuou ainda mais. As letras traduziam o inconformismo com o autoritarismo do governo imperial e a persistência de problemas como a escravidão. Ao mesmo tempo em que projetavam esperanças em outros modelos, como a democracia e a República.
Portanto, a pesquisa apresentada no “Volume Zero” revela que muito antes do chamado “descobrimento” e mesmo da independência oficial enquanto Estado. A música popular já contava a história do Brasil nascente, exaltando conquistas e identidades regionais ao mesmo tempo em que denunciava injustiças e reivindicava transformações na sociedade. Muitas das quais permanecem atuais.
Confira aqui as músicas citadas no livro.
Franklin Martins
Jornalista político brasileiro. Foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Brasil durante o segundo mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva até dezembro de 2010
Avaliações
Não há avaliações ainda.