O seu mais recente livro de poemas, Solfejo de cores, é uma maré que se cola à língua. Uma maré que dialoga com o trabalho de outros autores, numa samplagem e num solfejo de cores bastante original, criando um retalho de criação e de palavras muito interessante. É evocado o trabalho de e. e. cummings, Ungaretti, mas também de Raul Bopp e da sua Cobra Norato, especialmente na primeira parte do livro, “fio irmão”. Talvez esse solfejo de cores / ou esse fio irmão seja essa cobra da floresta, com muitas cores, mas também com os pequenos escuros que a fazem esconder na penumbra. E é de um diálogo entre a penumbra e a mais amorosa luminosidade que é feito este livro. A ausência que é feita de presença. O pranto que se reflecte nos elementos naturais e a naturalidade das árvores, das flores, das montanhas e das águas que se reflecte nas palavras. De uma certa forma, a poesia de Bachiega lembra-me a palavra nocturna dos místicos, como São João da Cruz, que vivem a melancolia, a noite, a madrugada antes do mergulho sereno e sofrido na mais bela alba / alva. E alba é aqui uma palavra que está presente de uma forma consistente. E também Caeiro como no conjunto de poemas “reflexões sobre o ruído de caeiro e mundo lento” […]
Jorge Vicente
Leonardo Bachiega
Leonardo Bachiega, é arquiteto, urbanista, poeta e dramaturgo, nascido em São Paulo, hoje reside próximo à capital paulista. É autor de alguns livros de poesia e um dramaturgia e possui poemas publicados em diversas revistas literárias do Brasil e Portugal.
Fernando Pessoa é seu poeta da vida.
Com a Kotter também publicou o Ácaros Que Depositam Flores (2019).
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