Muito escritores nos convidam a fechar os olhos e se deixar levar pela voz do narrador e dos personagens. Renata Ferri faz outro convite: “entre de olhos bem abertos”.
Este livro não se contenta com retratos acabados ou lição de moral mastigadinha. Nem se prende à crônica, aqui não há sorrisinhos nem sentimentalismo, mas a piscadela irônica diante do bichinho humano.
Esse bichinho é a gente? Serão nossos vizinhos? Nossos companheiros de cama ou de bar? Ou estranhos que, por sua vez, nos enxergam com estranheza?
Com vocabulário preciso e um olhar atento ao detalhe revelador, Renata Ferri nos convida a buscar as pistas da nossa própria existência. Nossa vida anônima, nosso mistério tão solitário como intransferível. As perdas, a obsessão paralisante, a fuga e também o contraponto, a aventura. O fardo familiar e a não conformidade. A juventude e a velhice. O vício e a desconexão.
São contos de sangue-frio, sem medo de olhar para o que nos constrange, nossas humanidades, nossas imperfeições. Talvez Fôssemos Outras se entrega ao leitor que tiver a coragem de não fechar os olhos.
Marcelo Ferlin
Renata Ferri
Renata Ferri nasceu na cidade de Belo Horizonte em 1984. É jornalista, tradutora e artista visual diletante. Ficou em primeiro lugar no concurso literário Contos da Quarentena (2020) e foi publicada na antologia que reúne os melhores textos selecionados dentre 1800 participantes. Já teve contos publicados nas revistas independentes Chama e Nove Amanhãs. Admira as coisas comuns, mas também anseia pelas extraordinárias.
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