As paisagens contadas em Terras Nacionais e Terras Estrangeiras estão mais perto do céu que do presidente, ambos refém de um deserto. A capacidade de resposta (responsividade) de um compensa as falhas do outro, pois o pior, por estas palavras, seria um mundo entregue a si mesmo, ainda que por uma hora – não valeria o esforço de escrever, tampouco de falar da felicidade de fazê-lo. Descrições, detalhes, encontros, retratos, alianças e fraquezas povoam estas narrações, amealhadas na síntese impossível do materialismo histérico e da encarnação que se precipita. Daí a parataxe – forma sintática da renúncia ao domínio – dos elementos: peixes, anjos, lixo, fogos, pássaros, mendigos, águas, queixos, pomos-de-adão, vassouras e Nossa Senhora alinhados no mesmo nível, todos puxados pela mesma incrível força vertical que desfaz a exclusividade das pessoas e das coisas.
Henning Paul Heinrich Teschke
Docente de Teoria Literária na Universidade de Dortmund na Alemanha
TIAGO BASÍLIO DONOSO
Nasceu em São Paulo, em 1981. Movido pelo propósito literário cursou Letras na Universidade Estadual de Londrina, onde estudou a crônica brasileira e Nelson Rodrigues. Concluiu seu mestrado em Teoria Literária pela Unicamp, tendo como objeto de pesquisa a primeira obra de Franz Kafka. É vencedor de alguns concursos literários, entre eles o Concurso da Tv 247 “Contos da Quarentena”. Também foi escolhido para integrar a coletânea dos “21 melhores futuros prosadores do Brasil”, da Revista Arraia. Terras Nacionais e Terras Estrangeiras é seu primeiro livro publicado. Atualmente, é professor da rede privada e reside em Jardinópolis, São Paulo.
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