Ronald Augusto
Ronald Augusto (1961) é poeta, crítico de poesia e ensaísta. As principais temáticas presentes em seu repertório intelectual referem-se à poesia contemporânea e à vertente negra na literatura brasileira. Atualmente Ronald Augusto realiza palestras e oficinas/cursos abordando assuntos como música, poéticas contemporâneas, literatura negra e poesia visual. Entre 2007 e 2012 manteve ao lado do poeta Ronaldo Machado a Editora Éblis, voltada para a poesia. De 2009 a 2013 foi editor associado do website WWW.sibila.com.br. Tem colaborações (resenhas e artigos de cultura e arte), entre outros, nos cadernos culturais do Diário Catarinense, Correio do Povo (Caderno de Sábado) e do jornal Zero Hora. Poemas publicados em revistas estrangeiras tais como Callaloo (a journal of african-american and african arts and letters – University of Virginia, 1995); Afro-Hispanic Review, Vanderbilt University (2010); e Dichtungsring – Zeitschrift für Literatur, diversas colaborações entre 1991 e 2015. Publicou, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Puya (1987), Kânhamo (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), Decupagens Assim (2012) e Empresto do Visitante (2013). Dá expediente no blog www.poesia-pau.blogspot.com, é colunista do site http://www.sul21.com.br/jornal/ e da revista de poesia e arte contemporânea http://www.mallarmargens.com/
Foto: Leonardo Brasiliense
RONALD AUGUSTO COSTA –
Tornaviagem, do poeta Ronald Augusto, é um livro que se move entre dois extremos. Um desses extremos está no final do volume, nos poemas resgatados da produção, até então inédita, do Ronald do início dos anos 1980. No texto onze da série “homem ao rubro, aparas”, nos dois últimos versos, lemos “subtrair de si a/tapeada coloração do significado”.
Se, no início dos anos 1980, Ronald precisava subtrair, agora ele precisa somar. É preciso se estender, fazer aparecer, dizer em alto e bom som. Mas um poeta-crítico como ele também se vale do discurso como crítica dos discursos. Assim, as falas cristalizadas da retórica racista são postas a nu em sua lógica perversa e reiterada. Os impasses das ideologias da esquerda à direita se desvelam. Os chavões da poesia, da política, do ufanismo nacionalista, todos acabam se equivalendo sob o olhar do poeta que a tudo questiona e denuncia. E, assim, os dois pontos extremos da linha horizontal, discurso e não discurso, se aproximam e se transformam mais uma vez na poesia sempre renovadora do poeta Ronald Augusto.
Ricardo Silvestrin