Minha Especialidade é Matar: Como o Bolsonarismo Tomou Conta do Brasil – Henry Bugalho

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No final de 2017, publiquei no Youtube meu primeiro vídeo sobre Jair Messias Bolsonaro, na época apenas um dos muitos nomes possíveis para uma eventual candidatura à presidência.

Naquele momento, a vitória de Bolsonaro parecia inconcebível e muitos analistas políticos, habituados a um processo eleitoral pré-redes sociais, supunham que, uma vez que a engrenagem fosse posta em movimento, o controverso deputado federal seria devorado pelos partidos e candidatos tradicionais.

Bem poucos viram na vitória de Trump os sinais daquilo que poderia ocorrer também no Brasil e como uma série de forças históricas se uniria para uma tempestade perfeita.

Ao longo de 2018, os índices de intenção de voto de Bolsonaro se mostraram consistentes e a internet servia de termômetro. Cada vez mais a vitória dele se tornava uma possibilidade e, para muitos grupos, principalmente de minorias, a simples ideia de ter um homem com um longo histórico de falas autoritárias, racistas, misóginas e homofóbicas era horripilante.

Então Bolsonaro foi o candidato mais votado no primeiro turno, levando à evaporação completa do apoio a demais candidatos da direita ou centro-direita. Enfeixando um conjunto de valores dito conservadores, com suporte dos tais “cidadãos de bem”, de evangélicos neopentecostais, católicos tradicionalistas, alunos de Olavo de Carvalho tornados influenciadores digitais e candidatos, pró-armamentistas, lavajatistas, antipetistas, e com toda uma retórica contra o establishment político, ele conseguiu convencer 57 milhões de eleitores brasileiros de que era a melhor – ou a menos pior — das alternativas.

Ainda hoje, muita gente tem dificuldades para compreender o processo que levou à vitória de um político de carreira que, em distintas circunstâncias, afirmou que a sua especialidade era matar, apologista da ditadura militar do Brasil, cujo livro de cabeceira (segundo ele mesmo) é de um torturador conhecido, o mesmo torturador que foi homenageado por Bolsonaro quando anunciou seu voto em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, com constrangedores vínculos com milícias cariocas, e que, embora se diga cristão, representa o oposto dos princípios de amor ao próximo e tolerância do Cristianismo.

Este livro reúne artigos que publiquei na Folha de SP e na Carta Capital a partir de janeiro de 2019. Neles, empreendo este esforço de compreensão dos eventos que se sucederam desde a eleição de Bolsonaro e o mergulho no abismo de toda uma nação.

Hoje, ele ainda está no poder. E ainda não temos ideia de qual será o desfecho desta história.

Henry Bugalho

Inverno 2020

ISBN: 978-65-86526-23-3

176 pág.

 

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Este livro reúne artigos que publiquei na Folha de SP e na Carta Capital a partir de janeiro de 2019. Neles, empreendo este esforço de compreensão dos eventos que se sucederam desde a eleição de Bolsonaro e o mergulho no abismo de toda uma nação.

Henry Bugalho

Henry Bugalho é curitibano, formado em Filosofia pela UFPR e especialista em Literatura e História. Com um estilo de vida nômade, já morou em Nova York, Buenos Aires, Perúgia, Madri, Lisboa, Manchester e Alicante. Então, Por dois anos, viajou com sua família e sua cachorrinha pela Europa, morando cada mês numa cidade diferente. Sua obra reflete esta experiência, com personagens transitando por terras estrangeiras, desenraizados e em busca por uma conexão com o mundo.
É autor de romances, contos, novelas, guias de viagem e de um livro de fotografia. Foi editor da Revista SAMIZDAT, que, ao longo de seus 10 anos, revelou grandes talentos literários brasileiros.
Desde 2015 apresenta um canal no Youtube, no qual fala de Filosofia, Literatura, Política e assuntos contemporâneos.
Com a Kotter publicou os livros: Minha Especialidade é Matar: como o Bolsonarismo tomou conta do Brasil (2020), Meu pai, o Guru do Presidente – a face ainda ainda oculta de Olavo de Carvalho (2020) em parceria com a Heloisa de Carvalho. E, lançará os livros O Rei dos Judeus e  a tradução Teogonia.