Um poema anti-épico como as Metamorfoses de Ovídio ou a Invenção de Orfeu de Jorge de Lima. Um livro de poemas que conversam com o elevado peso do chão, com a subjetividade sublime do tédio e com o que sobrou de nossa condição outrora homérica. Um Prufrock equino de nome Alfredo Pazzo, um “golpear com a nuca o pasto seco / e estar no barro do próprio tempo / e ser a escuta de algum vácuo.“
O livro do poeta, romancista, tradutor e filósofo Lucas Lazaretti é extremamente erudito sem ser pernóstico, extremamente agreste sem ser Manoel de Barros ou Alberto Caeiro, já que cínico como seu irmão Álvaro de Campos. Lucas lambe o pó do vazio do ser, da ausência de sentido e cospe longos fragmentos de uma forma de poesia narrativa sem fio, de poesia épica sem ethos, de revolta sem ingenuidade. Um livro que deve ser apreciado com conhaque, prozac ou só um chá de boldo mesmo. Afinal, “[q]uem, em sã consciência, não desejaria / mais do que tudo / morrer“, “quando tudo é qualquer outra coisa, / sem falta[?]”
Rodrigo Tadeu Gonçalves
Inverno 2020
ISBN: 978-65-86526-20-2
88 pág.
R$ 39,70 R$ 27,79
Lucas Lazzaretti
Lucas Lazzaretti é doutor em filosofia. Nasceu em Pato Branco e fez sua formação em Curitiba. Publicou o romance Sombreir (7Letras, 2018) e o livro de contos Placenta: estudos (7Letras, 2019).