É absolutamente normal que o Presidente da República tenha consultores. Pedir consultoria para algo é tão rotineiro que, às vezes, nem percebemos que estamos fazendo isso. Por exemplo, quando alguém liga para uma pessoa mais experiente para perguntar como se compartilha uma foto no Facebook, isso é pedir uma consultoria de uso do Facebook.
Da mesma forma, eu escrevi um livro sobre a privatização da Eletrobrás. Assim, se algum político pedir minha opinião a respeito disso, essa situação não se caracterizaria como algo negativo. Ao contrário, é necessário que os políticos busquem conhecimento para tomar suas decisões. Portanto, Bolsonaro ligar para um médico para ouvir a opinião dele a respeito de uma doença é completamente normal.
Entretanto, o que se denuncia a respeito do gabinete paralelo é que este se formou por trás da Presidência da República oficial para conduzir as políticas sanitárias e de saúde a fim de ganhar dinheiro, em detrimento da busca pelo fim da pandemia. Não há demérito em pessoas especializadas orientarem o presidente, porém este gabinete paralelo é formado da união de empresários e figuras ligadas ao interesse de farmacêuticas para vender em cloroquina e ivermectina.
Dentro disso, há a possibilidade de donos de hospitais particulares estarem controlando os hospitais públicos para criar o caos durante a pandemia, com o objetivo de gerar lucro para si, por exemplo. Ou seja, o gabinete paralelo seria, de acordo com o exposto na CPI até então, um grupo de empresários que estariam lucrando com a morte dos brasileiros.
Esta configuração é completamente diferente do que o Osmar Terra chamou de consultoria ao Presidente da República. Esse grupo não pensou em fazer o melhor para o brasileiro, ao contrário, pensou como poderiam ganhar a maior quantidade de dinheiro possível com a doença.
Com isso, foram estabelecidos alguns objetivos como vender cloroquina, vender ivermectina, fazer com que o máximo de pessoas possível fosse para o hospital, para lucrar com internações, deixar parte dos brasileiros morrer, para reverter em doações em dinheiro das famílias para as igrejas, entre outros. Essas pessoas que estavam lucrando com as internações e com as mortes estão sendo acusadas de formar esse gabinete paralelo.
Consultoria seria se o presidente convocasse um debate científico com os representantes das Universidades Federais e entidades médicas para juntar ideias e chegar num consenso de como administrar a pandemia. Se isso acontecesse seria maravilhoso, principalmente se o presidente conseguisse fazer uma reunião todos os dias com essas pessoas para que cada um pudesse compartilhar seus descobrimentos a respeito da doença.
Entretanto, não foi isso que aconteceu. O presidente se reuniu com um grupo de empresários que controlavam o comércio de cloroquina e ivermectina para conduzir a política sanitária no Brasil na direção completamente oposta da política do resto do mundo. Infelizmente, esse gabinete paralelo não é de consultoria, mas sim é um esquema de ganhar dinheiro com a morte dos brasileiros.
Tendo isso em vista, é necessário incluir um elemento responsável pela continuidade desta situação absurda. Todos nós culpamos Bolsonaro por isso com razão, porém nos esquecemos de que ele só esta no poder porque o Arthur Lira não pauta o impeachment. Por isso, é preciso que alguma autoridade faça uma denúncia contra Lira no Tribunal Penal Internacional, porque as mortes são de responsabilidade também daquele que tem a competência de parar o Presidente da República e não o faz.
Uma resposta
A idéia do ódio parte de ambos os lados, contanto que tenhamos um alvo. As pessoas não pensam em como as coisas funcionam, elas querem os resultados. Só que esquecem que existe uma “máquina” movida a várias mãos. Um País não se administra sozinho, você tem que ter apoio. Você, como presidente ou responsável, não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo.