Afinal, para que serve uma CPI?

O fascismo sobrevive da estupidez alheia, isto é fato. Entretanto, por mais que a simplicidade seja sua matéria-prima, a máquina do fascismo tem que ser extremamente inteligente para permanecer no poder. Exemplo disso é sua variante, o nazismo, que montou uma grande estratégia de como conduzir as massas altamente influenciáveis.

Tendo isso em vista, não há lógica em investigar a negociação de 400 milhões de doses da Covaxin, pois obviamente esta situação foi armada para desmoralizar a CPI da pandemia. Este esquema de desmoralização está estabelecido, porque a CPI é, atualmente, o pior carrasco da popularidade de Bolsonaro, o único fator que ainda o mantém no poder.

A CPI não tem poder de julgamento, mas sim produz um inquérito. Desta forma, a Comissão não está preocupada em obter uma resposta jurídica contra o Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que diminui a popularidade do presidente, o real objetivo da comissão parlamentar é oportunizar as campanhas pessoais dos protagonistas da CPI, como Renan Calheiros, que estava esquecido e hoje é um herói que não usa capa.

As pessoas que possuem pensamento crítico já compreendiam, mesmo antes da instauração da Comissão Parlamentar, que existiam interesses financeiros por trás na matança que está acontecendo no Brasil. Acreditar que Bolsonaro estava insistindo na cloroquina e na ivermectina por crer que seriam a solução, mesmo que o resto do mundo as tivessem abandonado, seria ingenuidade de nossa parte.

Tendo isso em vista, podemos considerar que a CPI é um mecanismo de comunicação e, como tal, deve batalhar para atingir as massas. Nesse sentido, a Comissão Parlamentar estava tendo sucesso, conseguindo a proeza de fazer com que o próprio gado ficasse com raiva do Bolsonaro e, a partir da decepção total, pulasse de um extremo para o outro.

Porém, quem faz o fascismo acontecer são estrategistas notáveis, tanto que alguns ficaram marcados na história, assim como Goebbels, por exemplo, que tem frases consolidadas que, inclusive, foram utilizadas no Brasil pelo governo Bolsonaro.

O debate jurídico, neste governo, é pautado pelos interesses pessoais, pois o atual PGR tem interesse em proteger Bolsonaro para que ele possa ser o próximo indicado ao STF. Por isto, independente da peça jurídica que chegue ao PGR, ele vai trabalhar para arquivá-la. Da mesma maneira age Arthur Lira, pois o interesse do Presidente da Câmara é o poder de controlar o presidente, que está nas mãos dele, do PGR e do STF. Ou seja, o Presidente da República se tornou um fantoche.

Já a CPI, por mais que não tenha condições de tirar o presidente de seu cargo, tem a função de conduzir a população no sentido de compreender se o que o presidente fez foi certo ou errado. Por isso, o momento em que a Comissão tinha atingido este objetivo era para encerrá-la, tal como fez Pelé em sua carreira. No auge da CPI, esta deveria produzir a relatoria, entregar e encerrar seus trabalhos.

A sede por protagonismo, todavia, fez com que os senadores optassem por dar sequência à Comissão. Porém, entrou em cena essa estratégia de comunicação bolsonarista que mostrou para a população brasileira que qualquer lunático pode chegar na CPI e falar o que quiser, desmoralizando todo o processo do inquérito.

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