por Milton Alves
Governador por três vezes, o ex-senador Roberto Requião iniciou um giro político pelo estado do Paraná, que atualmente é desgovernado por um aliado do presidente Jair Bolsonaro, o sonolento Carlos Massa Ratinho Junior.
A caminhada de Requião é animada por um projeto que reúne diversas forças políticas que defendem uma mudança de rumos no Paraná, que foi atirado na última década em um processo privatizante de suas mais importantes empresas públicas (Copel, Sanepar, Copel Telecom, Compagas), no desmonte dos serviços públicos, e no abandono de programas sociais e das políticas públicas de inclusão social.
O povo paranaense ainda é obrigado a conviver com uma pilhagem contínua para transitar nas estradas. É assaltado diariamente nas praças de pedágio, a tarifa mais cara do país, e um fator inflacionário nos preços de serviços e produtos –, afetando principalmente a economia de pequenos municípios.
O ex-governador Requião, que deixou o MDB após a captura do diretório local por apoiadores de Ratinho e Bolsonaro, ainda avalia o quadro partidário, sintonizado com as movimentações políticas que ocorrem no plano nacional. Ele mantém diálogos sobre uma futura filiação com o PSB, PT, PDT e até com o PSOL.
Além disso, nos últimos meses, Requião opera um esforço político para atrair legendas e lideranças que extrapolam o campo de esquerda e centro-esquerda. É o que se chama de forma brejeira de a “Geringonça do Paraná”, uma alusão à experiência de aliança política da esquerda e dos progressistas que governa Portugal.
Segundo as pesquisas eleitorais e avaliações de inúmeros cientistas políticos, as eleições de 2022 indicam uma valorização da experiência dos gestores públicos. Ou seja, de políticos com uma trajetória conhecida pelo eleitor, o que é um contraponto à onda disruptiva de 2018, que abriu espaços para uma gama de aventureiros do tipo de Wilson Witzel, no Rio de Janeiro, e Romeu Zema, em Minas Gerais.
O desastroso governo bolsonarista e a desmoralização da Lava Jato também são fatores que incidem fortemente na conjuntura política e no humor da população. A conduta política irresponsável e bisonha do presidente Jair Bolsonaro contribuiu para o agravamento da crise econômica, institucional e sanitária em curso no país.
Em um manifesto divulgado no mês de maio, Roberto Requião esboçou cinco compromissos estruturantes para um projeto de desenvolvimento com inclusão social e participação popular: “1- Compromisso com a democracia. Ele aponta para o aperfeiçoamento do sistema político brasileiro, em bases amplamente participativas, com o resgate da dignidade da função pública em todos os níveis; 2- Compromisso com a soberania. Ele representa nossa determinação de dar continuidade ao processo de construção nacional, buscando recuperar para o Brasil um grau suficiente de autonomia decisória; 3- Compromisso com a solidariedade. Ele explicita a construção de uma nação de cidadãos, eliminando-se as chocantes desigualdades na distribuição da riqueza, da renda e do acesso à cultura; 4- Compromisso com o desenvolvimento. Ele expressa a decisão de pôr fim à tirania do capital financeiro e à nossa condição de economia periférica. 5- Compromisso com a sustentabilidade. Ele estabelece uma aliança com as gerações futuras, pois se refere à necessidade de buscarmos um novo estilo de desenvolvimento, socialmente justo e ecologicamente viável”.
O presidente estadual do PT, o deputado Arilson Chioratto, um dos organizadores das caravanas “Me chama que eu vou” define claramente o sentido do projeto. “Precisamos de proteção do Estado, precisamos que os governantes exerçam o papel social para que foram eleitos, que é representar as necessidades da população. Porém, atualmente, o que vemos é a defesa dos interesses de uma minoria, através de privatizações e da redução da qualidade dos serviços públicos”, afirma o dirigente petista.
Nos próximos dias, Requião e seus aliados farão encontros em Ponta Grossa – região centro-sul – e em Paranaguá – litoral – para apresentar e debater o projeto democrático e popular para derrotar as forças entreguistas e neoliberais no Paraná e no Brasil.