Os protestos de junho de 2013 mudaram a história da redemocratização brasileira. Ali, aos gritos de milhões de jovens, inaugurava-se uma nova fase política: o Brasil se tornava uma democracia radicalizada.
A disputa de narrativa sobre junho, ainda hoje, quer atribuir sentidos, atribuir conteúdos: “junho foi contra a corrupção”, “junho foi fascista”, “junho foi a negação do presidencialismo de coalizão”, “junho foi o resultado de uma crise profunda no capitalismo”. Todas estão certas; e nenhuma está.
Democracias radicalizadas não se caracterizam por um conteúdo específico, por uma direção em si, mas por uma lógica nova de conflito político, mais emocional, mais de gritos e menos de consensos. A política fica mais parecida com o Facebook; e o Facebook fica mais carregado de haters e lovers. O amar ou odiar: a intensidade adolescente invade a política. Ainda que não praticada exatamente por adolescente.
Nestes momentos, o sistema político tem que atuar no sentido contrário, buscando criar mais espaços de construção de consensos, oferecendo às democracias radicalizadas a radicalização da democracia.
Não foi o que fizeram no Brasil. Dilma sinalizou com abertura política, mas o Congresso rechaçou este caminho e fechou o sistema político, ofereceu poucas alternativas aos eleitores, reduziu o tempo de campanha, acabou com as doações de empresas e colocou um grande volume de recursos públicos nas mãos dos partidos, para que destinassem o fundo eleitoral para um projeto comum: reeleger quem já estava no poder.
A estratégia falhou, em parte. Houve a maior renovação no Congresso Nacional desde a constituinte de 1988, a extrema direita cresceu sensivelmente, ocupando boa parte do espaço da direita, um hater profissional assumiu a Presidência. E é certo e líquido que outros junho virão, que a radicalidade não diminuiu.
Entender o que aconteceu, para além das disputas narrativas, ainda é um trabalho a ser feito. Este livro é uma das mais valiosas contribuições para isso, desde 2013.
Inverno 2019
ISBN: 978-65-80103-37-9
148 pág.
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Disponível por encomenda
Outros Junhos Virão
Junho de 2013 mudou o Brasil. Os protestos massivos que abalaram o país surgiram sem explicação aparente, cresceram e se diluíram, arrastando para uma encruzilhada a democracia brasileira. Este livro é um esforço para explicar, com dados empíricos coletados em pesquisa com jovens de 15 a 29 anos de Curitiba, o que aconteceu, de compreender as mudanças em curso nas formas de participação política e a emergência das democracias radicalizadas. No futuro que o presente constrói hoje estão abertas as portas de um passado obscurantista. Esta obra oferece pistas valiosas de como não pisar neste caminho. .
Mário Messagi Júnior
Mário Messagi Júnior é jornalista e professor de Comunicação da Universidade Federal do Paraná há vinte anos. Mestre em Linguística, pela UFPR, e doutor em Ciências da Comunicação, pela Unisinos, coordena o grupo de pesquisa Comunicação e Democracia e é membro do grupo Comunicação Eleitoral (CEL). É autor do livro Teoria da Comunicação: aplicações contemporâneas. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná e, desde então, mantém um foco muito claro em projetos de pesquisa que tenham implicações práticas para a atividade jornalística, a política e a democracia no Brasil.
Chefiou a assessoria de comunicação social da UFPR de 2009 a 2011 e foi coordenador geral de comunicação de duas campanhas para a reitoria da Universidade e de uma campanha para o Governo do Paraná, entre 2012 e 2018, sempre com resultados finais acima das expectativas iniciais. Exerceu diversos outros cargos, como chefe de departamento (4 anos) e coordenador de curso (2 anos). Tem uma vasta produção acadêmica nas áreas de teoria do jornalismo e ética, ensino de jornalismo, teoria da comunicação e política e democracia.