Lâmina: superfície delgada ou matéria dura e cortante, lasca, fatia, faixa, estampa. A palavra que corta o tempo e a página, quase translúcida.
A poesia farta não necessita da palavra exagerada. Susto, soluço, espasmo, calafrio. A poesia farta fala da boca cerzida de dor, da pátria amarga que chuta nossos ossos com seus coturnos lustrados de sangue e preconceito. A poesia derramada, lírica, de versos contidos, pêndulo nas “curvas de figo em calda” àquilo que nos esmaga.
Os poemas de Marcia Friggi consagram, porque transubstanciam. Tornam arte o grito, tornam presente a memória. Marcia lapida a palavra, esculpe o verso, lamina o tempo presente: porto, vale, a morte embalada na semente estéril, o golpe. Dos haicais aos poemas de protesto, das “borbolentas” no interior de um vale aos mísseis na Síria, a poeta pulsa seu tempo nas artérias dos versos. Não se esconde, tampouco busca refúgio no vazio. A arte é, afinal, lugar de fala, território e causa.
Neste seu livro de estreia, Marcia Friggi forja o metal que recolhe nos calabouços da memória e das experiências, para recompor o território poético que habitamos.
Viegas Fernandes da Costa
Inverno 2019
ISBN: 978-65-80103-39-3
128 pág.
R$ 49,70 R$ 34,79
Disponível por encomenda
Marcia Friggi
Professora, artesã, poeta. Detesta minibiografia. Inteligência espacial: ZERO! Distração: DEZ! Quando encontrá-la, não esqueça de perguntar se está perdida.
Agradecemos.