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Estar em “Quase Sábado”, de Ariane Hidalgo, é uma imersão ao avesso das máscaras de Goffman (1998), é como se sentir onisciente entre os ocos do exílio de cada rosto e clamar, depois de enxergá-los, que se olhem por dentro: “[…] nas raízes / onde o sangue corre e pulsa o pulso / em suas próprias sementes / no âmago do seu próprio interior / na medula da sua espinha” onde “recôndito está aquilo que mais lhe assusta / ou aquilo que mais te difere” (Do avesso). É, também, uma lembrança da fortaleza feminina que floresce das cicatrizes (Cicatrizes femininas) e um aviso coletivo para que não deixemos – como clama Caetano Veloso (Não vou deixar) – que “nos esculachem a história […] a vida”; por fim, é um pacto polifônico de prosseguir – ainda que num eterno sábado que “[…] escorre entre as mãos” (Quase Sábado). Isso porque, afinal, ainda há poesia – como a de Ariane – que sabe cantar… e como sabe.
Amanda Kristensen
Autora de “Entre-Terras” (Patuá, 2020)
e “Pelas Frestas” (Patuá, no prelo)
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QUASE SÁBADO – Ariane Hidalgo
ISBN: 9786553610514
88 páginas
Formato: 15X21 cm
R$ 39,70 R$ 27,79
Curitibana de 1986. Sobrevivente de um câncer. Profissional de Letras, especialista em Educação, na reta final de um mestrado em Teoria Literária. Apaixonada por literatura, pelos versos que lançam um olhar sobre o cotidiano, sobre as lutas e todas as demais belezuras e mazelas da alma. Na estante, cantam os versos de Bandeira, Drummond, Colasanti, Lisboa e mais um bocado de gente boa. De quando em vez, escreve alguns ensaios e contos. Participou da coletânea Antologia Poética (2021), do LiteraturaBr.