Sonhar de olhos abertos: Zeca do PT
Nesse momento tão crítico da história do Brasil, em que centenas de milhares de famílias lamentam a perda irreparável de meio milhão de entes queridos e cobram medidas urgentes para estancar a sua dor, vem às nossas mãos um livro que busca trazer de volta a esperança de um povo na possibilidade de se reconstruir uma existência digna e promissora.
O Diário de um Pantaneiro relata uma vida que poderia ser a de milhões de companheiras e companheiros, milhões de Lindas e Clarindas, de Chicos e Franciscos, trabalhadores anônimos desse nosso imenso país.
Essa biografia é especial, neste quase meio século de lutas do Partido dos Trabalhadores, pois contribui para a formação política dos jovens brasileiros, na medida em que narra a história de um jovem Zé que, acreditando no sonho e na utopia de um país justo e democrático, se construiu, matéria e vontade, como Zeca do PT.
Amadurecido na luta sindical dos companheiros bancários, nosso Zeca carrega consigo a simplicidade popular desses grandes personagens históricos como um Pepe Mujica, a sensibilidade perceptiva de um poeta como Chico Buarque, as táticas de jogo coletivo de habilidosos atacantes como um Sócrates, e a força inquebrantável de lutadoras como Rosa de Luxemburgo, Dorcelina Folador, Olga Benário ou Patrícia Galvão.
Mas quem foi esse Zé Orcírio, das barrancas do Rio Paraguai?
O Pantanal é o vasto campo em que se joga pela vida. Nessa contenda, Zeca é o atacante audacioso que se lança em dribles na área em disputa, sem temer as jogadas violentas e por vezes fatais. Afinal, é preciso coragem para superar os obstáculos, é preciso persistência nos lances nem sempre bem-sucedidos.
Para fora do gramado, a luta sindical acontece na praça, e a praça é do povo. Tomado pelo fogo da idade, o jovem Zé Orcírio, incontido, é a lava do vulcão. No diálogo com a rua, Zeca é aquele companheiro que materializa à vontade e reúne ao seu redor lutadores com as mesmas aspirações de um mundo melhor.
Essa energia vital vem da terra humosa do Pantanal, das águas turbulentas do Rio Paraguai, do quintal em que a família se reunia para o mate ancestral, das canchas em que os amigos compartilhavam o sol, a chuva e o vento, entre traves e travessões, entre gracejos e interjeições.
Sua luta é constante contra a pilhagem do Estado e contra o anestesiamento das consciências. Seu compromisso ideológico é com a classe trabalhadora, com os movimentos sociais e suas lutas, com os sindicatos, com a triste realidade dos sem-voz. Essa luta e esse compromisso implicam um projeto de transformação nacional, de geração de emprego e renda, de equilíbrio nas finanças, de educação inclusiva, de saúde e segurança alimentar para todos, propósitos de gestão que Zeca levou a cabo em dois mandatos como Governador de Mato Grosso do Sul.
Na pausa desse meio tempo, afirmo que o Diário de um Pantaneiro traz um personagem que é muito mais do que apenas um homem público. Pleno de humor e paixão pela vida, pela família, pelos amigos e pelos brasileiros, de todas as idades, gêneros e condições sociais, Zeca é o cara!
Aos que sonham de olhos abertos, vale a pena conferir as paisagens do Brasil que se revelam na biografia de Zé Orcírio, o Zeca do PT!
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Marcelo Marinho é biógrafo, tradutor, fotógrafo, crítico literário e docente-pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Literatura Latino-Americana Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu. Lecionou na Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande), na Universidade Federal da Fronteira Sul (Chapecó), na Universidade do Quebec em Montreal (Canadá) e na Universidade Eötvös Lorànd de Budapeste (Hungria). No Brasil e no exterior, publicou ou organizou uma vintena de livros em torno de eixos temáticos como fotografia, estudos culturais, Manoel de Barros, João Guimarães Rosa, Sor Juana Inés de la Cruz, Louis-Philippe Dalembert e Mario Bellatín, assim como mais de setenta artigos ou capítulos de livros. Natural de Dourados, em Mato Grosso do Sul, fez seus estudos universitários integralmente na Sorbonne, França (1989-1999).
Ivan Russeff é professor universitário com estudos na área da Literatura e Educação brasileiras. Lecionou Língua Portuguesa e Literatura em escolas públicas do Estado de São Paulo por 30 anos e, atualmente, é vinculado à Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Foi professor do curso de Mestrado em Educação da Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande, e do Mestrado Profissional da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. Como gestor público, dirigiu o Departamento de Administração da Prefeitura Municipal de Diadema, assim como o Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Ribeirão Pires, ambas na Grande São Paulo, durante governos do Partido dos Trabalhadores. Pesquisou a obra do escritor Mário de Andrade, resultando, daí, a publicação do livro Educação e Cultura na obra de Mário de Andrade, pela Editora UCDB. Dentre os livros que organizou, ressalte-se a coletânea intitulada Ensaios Farpados: Arte e Cultura no Pantanal e no Cerrado, publicada pelas editoras UCDB (1ª edição) e Letra Livre (2ª edição), em coedição com Marcelo Marinho e Paulo Nolasco.