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“Nos vestíbulos dos clubes cujos estatutos se fazem em nome das melhores famílias, em noites de convites para todos, abundam blefes. Representantes de mais uma causa beneficente, promoção de uma dessas tantas entidades para amparo a desassistidos, revelam-se na portaria em amáveis anfitriões cumprimentando os chegados e mesmo alguma ovelha desgarrada que há tempos não veem. No salão e saguões, canções “bailarescas” levam serelepes senhores a perambular saltitantes em busca de aventuras, enquanto deixam as respectivas senhoras tomando conta das mesas, disputadíssimas, a tanto por cabeça. Outros mais, assentados, fazem-se em pétreos juízes dos movimentos dos passantes, quem sabe degustando uma amargura indizível. Casais possuídos e empertigados deslizam pela pista nos arroubos de uma dança circunspecta, alguns de olho na prole a confundir-se com a escuridão dos cantos mais afastados ou simplesmente que não está à vista. Longe dali, quiosques e biroscas lançam no ar seu característico cheiro de gordura saturada que se queima na variedade de tantos tipos de hambúrgueres mal-passados.”
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Prima Loucura – Adilson Teixeira dos Reis
ISBN: 978-65-5361-128-3
Total de páginas: 160
Formato: 14×21
R$ 64,70 R$ 45,29
Adilson foi apresentado às letras ainda menino da roça. Assimilou com
muita facilidade os sinais semânticos e seu encontros, e desde então pôs-
se a ler perdidamente. Passou e repassou “as mais belas histórias”,
entregou-se às revistas em quadrinhos, até chegar a idade de frequentar a
biblioteca pública. A bibliotecária era uma temida fera. O rapazinho
arriscou dirigir-se a uma das estantes e selecionar um livro para levar para
casa. “Iracema” estava por lá.
Veio o conhecimento de muitos outros mais. Por volta dos 15 anos já
rabiscava num caderno teimoso o que seria seu primeiro romance ”vidas
em conflito”. O avô advertiu-o sobre a possibilidade de plágio –
inteirando-se, moderou.
Seguiu-se um tempo de feras e margaridas. Agora aposentado com todas
as honras da casa em que serviu por 37 anos, Adilson finalmente vem à
baila publicando seus próprios títulos. O primeiro foi “os dentes de
Fortunato Broca e outros escritos”. Agora chegou a hora deste destoante argumento…