É morto?
Apresenta-se distante e cuspindo estrelas dançantes. Equipado pelas genealogias, e talvez apreciador de taxidermia. É morto?
Preparado pela passagem do noviciado, entrega-se. E a revelação por meio do tiro. É assassinado, vítima de engano ou vingança, entrelaçado nesta aporia. Está vivo?
Epopeia aporética, fragmentária e hiperbólica, onde a musa está ausente, e quando descoberta está de joelhos, ganhando a vida com boquetes. Discurso de um moribundo, entrecortando o tempo, entrega-se ao mundo, consumindo e por ele absorvido.
Mundo amalgama de mortos e vivos. Ultrapassa o espaço do papel do “branco/infinito/circunscrito”, em sincopado ritmo, e querendo sinfonia, entrega-se ao barulho.
Instrumento desta aporia, é menos do que mais importa: o “mundo”, entenda-se o “humano”, enquanto mundo se desfaz, cravando os corpos de cicatrizes.
Pois há corpos e corpos. E que nem quando os corpos estão mortos, no fundo são iguais, com o desequilíbrio do lucro.
***
É uma contradição insolúvel, ou uma dificuldade impossível, para o pensamento. Por exemplo, a questão da origem do ser é uma aporia: porque toda origem supõe o ser, e portanto, não poderia ser explicada. A aporia é uma espécie de enigma, mas considerado de um ponto de vista mais lógico do que mágico ou espiritual. É um problema que renunciamos a resolver, pelo menos provisoriamente, ou um mistério que nos recusamos a adorar.
COMTE–SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
***
Aporia
Bruno Velosa
132 páginas
15X21 cm
ISBN 978-65-5361-227-3
R$ 59,70 R$ 41,79
Bruno Velosa, nascido paulistano em 1977, primeiro brasileiro, filho de pais portugueses.
Repetiu a sina insular dos pais e desde 2000 vive em Portugal. Com uma primeira paragem na Ilha da Madeira, na cidade do Funchal, e a partir de 2001, e até aos dias de hoje, reside em Lisboa.
Frequentou durante 3 anos o curso de Ciências Sociais na PUC/SP e trabalhou com freelancer em institutos de pesquisa, até encontrar o desemprego.
ingressou no curso de Antropologia na Universidade Nova de Lisboa, e desde então, entre entradas e saídas, com períodos mais ou menos longos e virando-se como dá, espera concluir o curso.
Vive com a Ana sua companheira e com sua filha Paloma.
Com esta APORIA, estreia-se em livro, com a parceria Kotter Editorial.