por Sheila Mihailenko Chaves Magri
O encontro com a “A Actriz A Actriz (o palco do esquecimento e do vazio)”, de Luis Serguilha, emergiu no diálogo e em movimento. Aconteceu ao assistirmos à ciranda e crítica literária[2] de sua apresentação. Foi durante uma conferência virtual e que reuniu ensaístas, críticos literários, filósofos, artistas, poetas, professores, cineastas, escritores e jornalistas do Brasil, de Portugal, da Espanha e de Angola. Escutamos a instigante leitura feita pela artista plástica e professora universitária, Paola Zordan, de trechos do manguezal-poema que nos levou para um mundo de fortes transmutações conceituais.
Quatro fatores despertaram o nosso corpo para a leitura atenta-responsiva e para a realização desta análise bakhtiniana. Primeiro, foi estranheza e o encantamento diante de um manguezal-texto. Para o encenador e professor Thiago Arrais, participante da ciranda, Serguilha ousa e cria um “novo objeto de discurso”, pois o manguezal-poema rompe com o estabelecido e surge como “uma literatura de conceitos”. Assim, o manguezal serguilhiano afirma-se dentro de um transgênero literário. Outro motivo que nos instigou foi mergulhar na leitura de um manguezal-poema escrito em 1.040 páginas. Em terceiro, a sua forte potência e intensiva singularidade para despertar diálogos entre vários campos conceituais. Pois, como afirmou nessa ciranda, a ensaísta, filósofa, professora universitária, Ana Maria Haddad, o manguezal-poema dialoga “não só com a filosofia, como com a arte, com a música, com o teatro e outras áreas do pensamento”. E em quarto, foi o desafio mesmo, o espírito de uma aventura existêncial. Assim, tomamos parte do fluxo contínuo deste diálogo-mangue-poético serguilhiano.
Sheila Mihailenko Chaves Magri é doutoranda e Mestre em Comunicação e Práticas do Consumo pela ESPM. Participa do Grupo de Pesquisa em Ética Comunicação e Consumo-GPECC da ESPM. Pesquisa o consumo de discursos morais, influência digital, usando metodologia dialógica bakhtiniana e análise crítica do discurso. É autora do livro Porta-vozes do capital, publicado pela editora Pimenta Cultural em 2020. Ministrou o curso de extensão Bakhtin: discurso como ação para a Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. É jornalista, escritora, comunicadora e filósofa.
Artigo disponível em http://ruidomanifesto.org/a-actriz-a-actriz-de-luis-serguilha-um-artigo-de-sheila-mihailenko-chaves-magri/