O ex-presidente Lula é o alvo, novamente, de uma agressiva campanha dos órgãos da mídia oligopolizada e corporativa — Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão, TV Record, entre outros –, que iniciaram uma ação coordenada para desconstruir a imagem e lançar falsas acusações contra o líder petista. É uma operação que utiliza, de forma intencional e perversa, fragmentos de falas fora do contexto das entrevistas de Lula, das lideranças do PT e de documentos partidários.
O fato detonador da nova campanha de ataques teve origem na Espanha, com uma entrevista de Lula ao jornal El País. Perguntado sobre os resultados eleitorais da Nicarágua e a controversa reeleição do presidente Daniel Ortega, Lula teria comparado o líder do país centro-americano com a política alemã Angela Merkel e manifestado apoio à recondução do dirigente nicaraguense para um novo mandato — um recorte falso e mutilado da declaração do ex-presidente.
A versão apresentada ao grande público pela mídia corporativa alimentou o noticiário durante dias, debates em programas de TV, editoriais e artigos de diversos colunistas políticos dos jornais no Brasil e no exterior — e todos em coro bradando contra um pretenso desprezo e a falta de compromisso do ex-presidente Lula com a democracia.
O episódio é revelador da prática do “jornalismo de guerra” adotado pela imprensa corporativa contra Lula, que lidera com folga as atuais pesquisas eleitorais para a disputa presidencial de 2022.
Em outubro, a TV Record divulgou um factoide plantado pela extrema direita espanhola sobre as ligações de Lula e do PT com o narcotráfico, a fake news tinha como base supostas delações do ex-chefe da inteligência venezuelana, Hugo Carvajal (El Pollo), preso ilegalmente na Espanha e ameaçado de extradição para os Estados Unidos. Nada comprovado, mas a mentira foi difundida amplamente em diversos meios impressos e plataformas digitais.
Em agosto, uma declaração de Lula sobre a necessidade da criação de mecanismos de regulação institucional e de democratização da mídia foi objeto de manipulação dos jornalões e da Rede Globo, carimbando o ex-presidente como defensor da censura e de medidas contra a liberdade de imprensa. Aliás, na ocasião, o petista indicou o modelo britânico como uma referência de política pública sobre os “Meios”.
O Manchetômetro, publicação produzida pelo Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública, especializado no acompanhamento das edições diárias dos jornais impressos e das plataformas digitais de notícias, tem registrado uma cobertura parcial no trato das manifestações políticas do ex-presidente Lula.
O padrão e a técnica do “jornalismo de guerra” segue o mesmo roteiro da cobertura da operação Lava Jato. É uma modalidade que abusa da edição parcializada de conteúdos, que produz à exaustão notícias falsas, acusações infundadas, com origem muitas vezes em fontes não reveladas e obscuras — o recurso do impulsionamento nas plataformas digitais complementa a operação.
A nova e sistemática campanha midiática contra Lula, além da tentativa de desconstrução de imagem, busca abrir espaço para uma candidatura da chamada terceira via, que tem a adesão das empresas e bancos que financiam as cadeias de jornais, TV, rádio e meios digitais, controlado por um reduzido grupo de bilionárias famílias.
Nesse sentido, é fundamental uma combativa resposta política do PT, a mobilização militante nas redes e plataformas digitais, a criação de uma rede de comunicadores populares nas periferias e no interior do país. Ou seja, organizar um enfrentamento político e tecnológico contra a nova e odiosa campanha de mentiras e preconceitos contra o ex-presidente Lula.
As últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos demonstraram um áspero e violento embate político no front das comunicações, envolvendo as mídias tradicionais e as plataformas digitais. Tudo indica que aqui não vai ser diferente. Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) vencerão o bolsonarismo e seu irmão siamês, o lavajatismo, mas não existe um caminho suave até 2022. É preciso estar atento e forte.