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Não. Esse não é um texto sobre o filme “Diários de motocicleta”, no qual Che é retratado com seu amigo, Alberto Granado, em uma viagem do Brasil ao Peru de moto.

Eu apenas me apropriei do título do filme. E tá tudo bem.

Fujo hoje da escrita voltada ao universo nutricional.

Ando displicente com a escrita no que diz respeito à nutrição ultimamente.

Talvez, um reflexo da última década quase que inteiramente dedicada à escrita no âmbito da saúde.

Assim, hoje me permito voltar às minhas raízes que eu nunca abandonei e às minhas memórias em cima de duas rodas.

Não lembro qual foi a primeira vez que andei de moto.

Embora eu desconfie que tenha sido quando ainda estava no útero da minha mãe.

Essa paixão pelas duas rodas foi passada de pai para filho, e tem sido assim desde mil novecentos e bolinha.

Obviamente, minhas primeiras aventuras começaram como garupa.

Nasci e morei em cidade com predileção para duas rodas

O extinto Megacycle começou aqui, no quintal de casa.

Não sinto saudade do barulho, mas o cheiro de pneu queimado me agrada até hoje. Assim como o odor de óleo, oriundo dos motores dois tempos.

Quando o maior encontro de motos da América Latina desceu ao litoral, fomos atrás dele.

E continuamos a rodar por anos, estradas afora pelo simples prazer de… andar de moto.

Fazendo um parêntese breve, foi em um encontro de motos que assisti meu primeiro e único show do Tremendão – o qual tive certeza que voltaria a reencontrar, mero engano de minha parte. Uma pena.

Perdi as contas de quantas cidades visitei, assim como quantos quilômetros rodei como garupa.

Ouvi uma frase recentemente, de que existem portas que não devem ser abertas, pois se trata de um caminho sem volta.

No universo das duas rodas, pular da garupa para o guidão é um desses caminhos.

Minha trajetória ao guidão começou precoce, aos 13 anos.

Durante o fim da adolescência e o início da idade adulta meus amigos iam aos lugares fazendo uso de quatro rodas, contudo, como Vital, eu ia de moto, pois ir de carro era baixo astral.

Até hoje, rodei aproximadamente 100 mil km pilotando uma moto. Mais de duas voltas no planeta, que é redondo e não plano.

É claro que, andar de moto tem seus perrengues e dificuldades.

A primeira coisa que vem à mente de muita gente é o fato de que sobre uma moto, somos literalmente, o para-choques em caso de tombo/acidente.

Sim, isso é difícil de ser ignorado.

Sobre duas rodas eu já tomei chuva, enfrentei frio, noites escuras, neblina, peguei duas pneumonias em decorrência de duas tempestades, além de sustos provenientes de ações de terceiros.

Mas há coisas boas também!

A economia de combustível é uma das principais. Não ficar preso no trânsito e ser, literalmente, o primeirão nos semáforos são pequenas alegrias cotidianas do motociclista.

Contornar as curvas de sua estrada favorita, sentir o barulho do vento na viseira, experienciar uma brisa refrescar aquele dia quente e buzinar para a criança do banco de trás do carro que vai à sua frente, são outros grandes prazeres de quem acelera em duas rodas.

Rodar de moto é como um passaporte. Automaticamente te permite conversar com outros motociclistas como se nos conhecêssemos há tempos.

No meu último passeio, enquanto colocava o capacete para ir embora, uma criança na garupa do seu avô esticou a mão, me cumprimentou e perguntou: Como você chama? Para onde você está indo?

Momentos assim são comuns e ficam marcados para sempre.

Em uma outra ocasião, anos atrás, passando por um pedágio, eu estava atrás de uma Kombi, com molecada uniformizada sentada nos bancos traseiros, que supus estarem voltando de um jogo de futebol.

O motorista deve ter dito algo como: “Meninos, está vindo uma moto grande aí atrás”. 

Rapidamente os meninos todos se juntaram para ver a moto, então, reduzi as marchas, o que permitiu o ronco do motor soar mais alto. Todos eles sorriram, buzinei e fiz sinal de positivo que foi retribuído por todos eles.

Fui embora com um sorriso largo embaixo do capacete.

Sobre o prazer de pilotar uma moto há uma frase que considero verdadeira:

“Para quem pilota uma moto, nenhuma explanação é necessária, para quem nunca esteve sobre duas rodas, nenhuma explicação será o suficiente”.

Murilo Camano Murr é natural de Serra Negra, interior de SP. Com formação em biomedicina e nutrição e pós-graduações na área da saúde, é produtor de conteúdo em sua esfera de formação há quase uma década. Após rodar por cidades do estado, inclusive a capital, onde ficou sitiado durante a pandemia, resolveu escrever crônicas despretensiosas que deram origem ao seu primeiro livro – Histórias de uma pandemia anunciada: A vida no Brasil de Bolsonaro da colocada à retirada das máscaras. Defensor de políticas públicas de saúde, Camano se expressa com textos intimistas, onde se abre aos leitores, de forma a permitir que vivenciem de forma literal as histórias que conta. Humor ácido, ironia, sensibilidade e empatia são marcas registradas em seu texto.

Uma resposta

  1. PLEASE HELP ME

    My name is Aziz Badawi, I’m 27 year old man from Palestine. Our town has recently evacuated due
    to bombardments by Israel, now I am staying at a shelter with my 6 year old daughter Nadia. My wife is
    dead and I’m the only one left to take care of my daughter as we are not allowed to depart to my parents house
    in Nablus, she is sick with a congenital heart defect and I have no way to afford the medicine she needs anymore.
    People here at the shelter are much in the same conditions as ourselves…

    I’m looking for a kind soul who can help us with a donation, any amount will help even 1$ we will
    save money to get her medicine, the doctor at the shelter said if I can’t find a way to get her the
    medication she needs her little heart may give out during the coming weeks.

    If you wish to help me and my daughter please make any amount donation in bitcoin cryptocurrency
    to this bitcoin wallet: bc1qcfh092j2alhswg8jr7fr7ky2sd7qr465zdsrh8

    If you cannot donate please forward this message to your friends, thank you to everyone who’s helping me and my daughter.

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