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Não dá para errar a mão e nem perder o fluxo, o refluxo.

Você sabe que tudo pode acontecer, por isso, vai ao dia de peito aberto, sin perder la ternura jamás.

Repare, do céu vem uma chuvarada pastosa, cocô de algum passarinho com desarranjo, digo isso devido ao volume da carimbada na jaqueta, cabeça e tudo mais que ele conseguiu bombardear.

Da raiva ao sorriso, assim foi.

Nem sempre as coisas dão muito certo, quase sempre não, neste caso, seria sinal de sorte?

Alguns dizem que ser carimbado, pisar, sonhar com cocô pode trazer riqueza e prosperidade.

Tem quem diga que pode ser um sinal de doença.

Prefiro ficar esperando o meu tesouro, caminhos abertos e todos os bons sabores dessa vida.

Quem já teve o espelho, teto, porta do seu carro marcado pelos dejetos dos pequenos, pior quando isso acontece diariamente. Saiba, eles estão marcando o território, nada mais justo.

Os Pássaros

Faço lembrar do filme de Alfred Hitchcock, Os Pássaros (The Birds, 1963), nesta hora seria uma boa pedida.

Aqui pelo menos não corro o risco de um ataque mortal.

Mario Quintana, em seu “Poeminha do contra”, nos faz passarinho, neste mantra que não canso de repetir: “Todos esses que aí estão/ Atravancando meu caminho,/ Eles passarão…/ Eu passarinho!”.

Imagine o estrago que um pássaro do meu tamanho faria, melhor nem dar ideia. Seria uma tempestade nada agradável.

O cagãozinho não deu trégua, sujou-me por completo, o que restou foi a corrida para o banho, as roupas para serem lavadas, e um sorriso largo, um atraso no trabalho e a história para contar.

Repare: era pastosa.

Da janela do trabalho, além das árvores, observo, estão empoleirados no fio de alta tensão, como conseguem estar ali?

Estão em todas as partes, embelezando o dia, cantando para os enamorados e os poetas que se inspiram com as sinfonias no crepúsculo.

Alimentam meus sentidos.

Preciso olhar mais para o céu, além da chuva, granizo, neve… Pode cair muito mais coisa. Que não seja grande.

Nessa toada, desejo merda para todos, como no teatro, e muita prosperidade.

Ah, e passarinhos sobrevoando a cidade e a sua cabeça. Estou falando de sorte.

Fabio Santiago é poeta e prosador. Publicou os livros Intramurus, Versos magros (compre aqui), Mar de sombras e Cantos temporais. Seu trabalho mais recente, A marca do vampiro, está em processo de edição pela Kotter. Instagram: @fsantiago006

Uma resposta

  1. O escritor e poeta Fábio Santiago, com leveza e lírica nos traz nesse texto a consciência de que não repreender ou brigar com a natureza e tudo o que de belo ela nos traz , é opção que vem do fundo de nossa alma, como o amor pelo sagrado. Se a opção não chegou, que a busquemos, sempre. Parabéns, poeta e prosador poético, de cuja obra sempre me banho. Um beijo

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