Bolsonaro derretendo

(por Leonardo Stoppa)

As notícias para o Brasil são as melhores possíveis. Dessa vez o impeachment do Bolsonaro é inevitável, pois não se trata mais de uma luta apenas da esquerda contra o presidente. Há uma união de vários setores contra o líder fascista e ele está cada vez mais isolado.

Depois do pronunciamento do Paulo Guedes a respeito da China ter inventado o vírus e depois desse bloqueio ideológico e político da vacina Sputnik, que tem 98% de eficiência comprovada em vários níveis de testes, a China e a Rússia, oficialmente, passaram a declarar que o Bolsonaro e a Anvisa estão trabalhando contra a população brasileira para fazer política. A Rússia, em específico, foi categórica ao afirmar que o presidente do Brasil não está comprando vacina para o povo brasileiro por sofrer pressão dos Estados Unidos.

Nesta quarta (28), nós tivemos o evento, provavelmente, mais importante para o impeachment do Bolsonaro, com o início da debandada do apoio ao Paulo Guedes tanto na Rede Globo quanto nos demais veículos de comunicação. A mídia começou a colocar Guedes no mesmo nível que o Bolsonaro.

O grande problema para nós brasileiros alcançarmos a elite nesse pedido de derrubada de Bolsonaro é que a elite ainda tinha esperança que o ministro da Economia realizasse as privatizações e defendesse seus interesses pessoais. Neste momento, aos poucos, a elite vai abandonando Guedes e, com isso, as pessoas estão sendo informadas sobre o que está acontecendo no país.

Esse período de CPI está sendo desenhado de uma forma tão estratégica que é praticamente impossível Bolsonaro conseguir apoio. Isso porque a narrativa está sendo construída da seguinte forma: ou você está do lado da investigação, ou você está do lado do Bolsonaro e vai inevitavelmente cair com ele.

Exemplo disso é a pressão muito grande e de maneira muito interessante que o Procurador-Geral da República (PGR) vem sofrendo esta semana. Ele tem arquivado várias denúncias contra o Bolsonaro. Entretanto, neste momento ele está contra a parede. Ele tem que escolher se vai ficar do lado do presidente e vai continuar fingindo que Bolsonaro não está fazendo nada de errado ou se ele vai começar a entregar as denúncias contra o presidente e o deixar cair sozinho.

Isto é o que está acontecendo, se o Procurador-Geral continuar fazendo esse trabalho de defesa do Bolsonaro, o Ministério Público pode se unir para retirar o PGR. Isso porque as mesmas instituições que podem conduzir o impeachment do Presidente da República podem, também, conduzir o impeachment do Procurador-Geral da República.

Portanto, atualmente, as pessoas estão simplesmente abandonando o Bolsonaro para se defender. Além disso, é muito interessante notar que o abandono do Paulo Guedes é um sinal de que já não há mais apoio da elite brasileira ao presidente.

Na Internet há um rebuliço em favor do Bolsonaro que representa o sustentáculo de alguns YouTubers e influenciadores digitais que estão diretamente ligados ao governo e que estão ganhando dinheiro para isso. Entre o público real e, principalmente, entre os formadores de opinião e as pessoas que decidem, todos estão abandonando o bolsonarismo.

Além disso, a China ameaça, indiretamente, parar de enviar insumos para o Brasil. É possível que em algum momento haja um posicionamento da Rússia por não vender mais vacinas ao Brasil, por desistir de brigar politicamente com o bolsonarismo. Tudo isso faz com que Bolsonaro derreta cada vez mais.

Ademais, os elementos da CPI estão sendo trazidos não apenas para julgar o Bolsonaro, mas para levar para a população todos os crimes cometidos por ele durante a pandemia. É praticamente impossível para o presidente escapulir dessa investigação. E isso é de extrema importância, pois o povo precisa saber o que o Bolsonaro fez para ele perder completamente o apoio popular.

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