De repente, a suspeita de COVID me entrou em casa. Não acho que seja, mas uns sintomas parecidos na mãe assustam.
Minha relação com a casa muda. Preciso de máscara para sair do quarto. A mãe se recolhe ao dela, onde passa o tempo que pode, ao menos até que um exame e a progressão dos sintomas digam alguma coisa. No meio tempo, minha escova de dentes está no quarto e a maçaneta de algumas portas parece uma armadilha.
Saio de carro sem rumo, típico nesses tempos. Ando longe, descobrindo e cantando alto algumas músicas antigas que redescubro. Passo em frente a bares cheios, clientes sem máscara, sem máscara os trabalhadores que fazem porções e sanduíches.
Volto ao condomínio enorme de classe média. Em algumas esquinas, a placa desnecessariamente ominosa deixada pelos jardineiros: Sua rua é a próxima. Sorrio.
Não sou supersticioso, mas me alegra que a placa não esteja na minha rua.
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