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Caminho pelo calçadão da Rua XV, destinos espalham-se, em silêncio atravesso esquinas que hão de ter logradouros, as órbitas pressentem. Flano como na juventude, que escorreu no amarelo dos ipês, da praça Tiradentes. Fecho os olhos. Atravesso a Rua Emiliano Perneta. Como posso saber que os meus passos são dela? Pressinto! Os pingos de chuva visitam-me, “Nós Ficaremos, como menestréis da rua, /Uns infames reais, mendigos por incúria…”. Admito não ter medo, entrego-me ao pensamento, calo-me diante dos versos de Emiliano que me visita novamente, “Nossa cantiga irá conduzir-nos à tua Maldição…”.

Sigo de olhos fechados neste desencontro com o presente, silencio a mente e parto.

Há nesta manhã o impossível que sempre almejei em vida, um baratinar de sinuosas serpentinas, confetes torrenciais e perfumes rumo ao desconhecido.

Caminho de olhos fechados, faço-me sombra, persigo silêncios.

Meus passos encontram imperfeições de calçadas, asfaltos e calçadões; resido no transitório. Já passa do meio dia, meu estômago alerta.

Na Rua Emilio de Menezes, outro poeta esteve a me visitar. “Tudo me envolve em tenebroso certo/ -D´alma a vida me foge, sonho a sonho…”

Atravesso alamedas, nas Ruas Nestor Victor e Silveira Neto, berro! – Evoé!

A tarde cai, tenho certeza que o dia se esvai, esfarelado em meus passos lentos.

Pressinto, enquanto a cidade vestida de vendas parece não ouvir. Poetas ecoam…Quem pode ouvi-los? Poetas ecoam!

Estende-me seus versos Dario Velozzo, “Alfim! Vais repousar, corpo meu tão franzino, /Escudo, roto já, pelos gládios da Sorte…Completa o teu destino…”

Estou em sua Rua Dario, no Templo das Musas, mantenho os olhos fechados.

Tem gente que nasce sobre o signo do vampiro, do poeta, do andarilho.

A noite cai em fendas.

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