SANTOS & SANTAS
um sorriso,
depois de algumas cidades.
um desejo,
que não sei mais se é liberdade.
o palito de fósforo entope a pia & o alagamento perfaz a mesa. estamos entre as veredas repletas das mais variadas peçonhas. o fogo acolhe, esculpe, embaça o perambular de quem nunca mais virá. seria mais um “nunca” se essa garantia não passasse de uma gaveta entupida de boletos & boletas. frágil, pede um cabide para contemplar o sussurro, quem sabe até mesmo uma frigideira onde com um pouco de banha se aventurasse como CIGARRAS FUMANDO CIGARROS. desses estragos que alimentam o plural, ventos tão meninos, existem portas enferrujadas, rostos queimados, olhos que de oblíquos se revelaram LIMPOS, de natureza contemporânea, onde tudo é cheirinho & bem-estar, nem mesmo o açougueiro vive mais com as entranhas. pulei o muro & adivinhei uma nova quebrada, as folhas me batem para o ESTALO chorar: se aquela discrepância de forças pudesse me atentar ao balão que vai subindo, subindo, subindo… eu-bicudo. se você fosse a verdade, não teríamos esse vinho vagabundo, se fosse presságio, jamais sonharíamos com as rabetas no caminhão empelotado de CANA.
traçar um plano, a traça sai do livro & fogosa, faz sua insinuação no desfiladeiro de ideias. os filósofos se tornaram comerciantes, felizes quando o cartão aumenta o LIMITE. triste? nada disso, apenas mais um improviso do renascimento, dos tatibitatis contrabandeados na vinte & cinco. um gole de relva esculacha as asinhas bambas. para voar é preciso que antes do céu a CABEÇA se resuma em CARDUMES constelações UM BANHEIRO SUJO. todos dormem & da janela aberta se escuta uma rádio tocando brega para o esquisitinho amoroso com os postes & os filhos desaparecidos:
– queria tanto saber se foi o ovo ou a galinha…
*Vinicius Comoti mora em São Paulo, publicou os livros Rabicó de Puto (Kotter Editorial, 2019, apresentação Sebastião Nunes) e Bagarocas (Lumme Editor, 2020, apresentação Claudio Willer).
