“ATAQUE – cale-se agora e para sempre” é um conjunto de livros de tensões. Tensões linguísticas: mistura de registros linguísticos sem qualquer mediação; tensões políticas: referências à violência de gênero, aos pequenos e grandes fascismos de cada dia; tensões cronológicas: reconstrução de cenas da infância, imaginação de presentes paralelos e possíveis projeções de futuros.
Fiel aos impasses da contemporaneidade, a voz por trás de ATAQUE não soluciona essas tensões – ela as leva adiante, torna-as testemunha das dificuldades vigentes, da miséria do hoje e (por que não?) da esperança do amanhã. Assim a autora não foge de colocar à mostra a natureza contraditória das relações de afeto e de poder e sua indissociabilidade.
Em meio a essas tensões, ATAQUE é além de uma luta, uma busca. No entanto, essa busca quase já não tem como objetivo recobrar o que se perdeu – algumas dessas perdas (talvez a maioria) sejam irremediáveis. Mais do que recobrar o tempo perdido, dignidade, respeito, atenção, o que se busca nas tensões do livro é entrever os fragmentos da história de uma mulher: sua dor e delícia no sombrio e difícil Brasil deste início de século.
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A obra expõe as entranhas do tempo invertido e suspenso, partilhando registros de dor e de medo, para assim incorporar os versos à vida e à experiência das gerações que nos sucederão. Camila Assad
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“Não houvesse tantos medos
resignadamente esperaria.
O breu taciturno findaria
e a aurora carminada,
certamente, imperaria,
e a sua voz terna, finalmente,
verteria como enxurrada
por todo o meu corpo,
mas não tenho tempo,
o radicalismo,
o caos e o ódio imperam”
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Ataque – cale-se agora e para sempre – Ivete Nenflidio
160 páginas
16X23cm
ISBN 978-65-5361-131-3
R$ 49,70 R$ 34,79
Ivete Nenflidio (São Bernardo do Campo, 01 de novembro de 1973) é escritora, poeta, curadora artística de festivais, pesquisadora das manifestações populares e articuladora cultural desde 1996. Publicou os livros: “País estrangeiro – memórias de um Brasil profundo”, “Memórias difusas”, “Cartografias da saudade”, “O sereno que habita meus olhos”; além do romance ficcional “Calendas de março”, obra viabilizada com os recursos da Lei Aldir Blanc.