Divindades Solitárias – Andreas Chamorro

Código 9786589624462 Categoria

“Ao tratar da mimese, Platão afirma que há duas formas de arte: a arte eicástica, baseada na imitação fiel da realidade, e a arte fantástica, que se afasta do real ao criar um simulacro que induz ao engano. O interessante é notar que o filósofo grego atribui o termo phantasma à noção de simulacro, tornando as duas palavras correspondentes. Talvez por isso, nas narrativas sobre fantasmas quase sempre haja a dúvida sobre se aquilo que o personagem vê é real ou nã– porque o fantasma (o simulacro) torna indefinidos os limites que separam ficção e realidade. 

Os contos reunidos neste divindades solitárias” são, todos eles, habitados por fantasmas, simulacros e simulações. Trata-se de um livro assombrado em certo sentido: há que se ter coragem para ir aos poucos encarando seus espelhos e corredores vazios (ou não tão vazios assim). Da cotidianidade de uma ida ao dentista à violência de uma sangria noturna; de Rubens (que no conto O engodo de Laura’ surge nitidamente como um fantasma de carne e osso) aos diversos nomes adotados por Euclides em O quadro em branco; da tensão familiar durante uma visita de Sexta-Feira Santa aos estranhos eventos promovidos por Exu em um terreiro – tudo são simulacros. Tudo parece minar as diferenças entre o real e o irreal.  

Há o simulacro de Hilda Hilst em Victor Hugo e seu dilema. Há o fantasma de Borges, que se estende como uma sombra nos três primeiros contos do livro. Aliás, o próprio Borges certa vez escreveu que cada escritor cria seus precursores” – é adequado manter a afirmaçãborgeana em mente. Talvez ela nos livre de alguns fantasmas. Ou desperte vários outros da pena de Chamorro.

 

Nicolas F. Neves 

Graduado em Letras Português/Inglês e suas Literaturas 

Membro do grupo de pesquisa “Estudos Oitocentistas” 

Universidade Federal de São Carlos 

 

Outono 2021

152 páginas

ISBN: 978-65-89624-46-2

 

 

 

 

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Entregue-se a este livro sem pré-conceitos, sem amarras. Haverá momentos de espanto, ter-nura e estranhamento neste caleidoscópio que revela novas imagens a cada leitura. Entregue-se a elas, feito criança fascinada pelos vidrinhos coloridos que nunca trazem a mesma impressão.Com os pés fincados na tradição de íco-nes como Lygia Fagundes Telles e Jorge Luís Borges, este livro de contos, que marca a estreia de Andreas Chamorro no gênero, vai muito além das referências e revela um jovem escritor car-regando um universo de histórias. E agora que temos a chance de vislumbrar esse universo, não, não há como resistir. Entregue-se.

Giselle Bohn, autora de Pele Velha

 

Andreas Chamorro

Andreas Chamorro é paulistano, nascido em 1994 e atua como tradutor e professor de língua inglesa. Leitor assíduo desde a infância, vem experimentando a tecelagem de realidades que é escrever ficção desde a adolescência, até decidir estre-ar com a presente obra. No momento presente, Andreas Chamorro mantém uma página na pla-taforma Medium onde publica artigos, ensaios e ficção, simultaneamente, usa seu perfil do Instagram para compartilhar ou-tros textos e poesia.