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Em literatura, o breve pressupõe o domínio da concisão. Encontrar Lygia Fagundes Telles e Dalton Trevisan na dedicatória deste livro, nesse sentido, não é mera casualidade ou tributo de praxe. Trata-se de reconhecimento, por parte da autora, da linhagem à qual sua escrita se vincula.
Histórias de gente errada, para além dessa questão de estilo, dialoga com uma tradição estética que prescinde de evocar o belo para agradar o leitor. Quem passa por estas páginas, encontra uma combinação de elementos estranhos e fantásticos mediados por narrativas que tematizam diferentes manifestações de violência; um mundo habitado por personagens dilacerados que atravessam dilemas alheios à possibilidade de redenção.
Esses contos nos oferecem uma experiência singular na qual o horizonte é constantemente negado. A cada relato, um novo golpe é desferido, de modo que o drama absurdo vivido por essa gente errada acaba se convertendo na incontornável pergunta: por quê?
E, dessa pergunta, aflora aquilo que aparentemente é o mais improvável quando nos afastamos do belo: a empatia. Chega um ponto no qual os binômios formados por crueldade e dor, ofensa e vingança, nos levam a desejar que a sina desses personagens pudesse ser outra.
Que a realidade pudesse ser outra… Não é essa uma das dádivas que esperamos da literatura? De um jeito bem malcomportado, é justamente essa dádiva que a literatura escrita por Bia Moraes nos brinda.
Rafael Ginane Bezerra
Professor, escritor e coordenador de oficinas de leitura e escrita
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Histórias de Gente Errada reúne excelentes contos da jornalista Bia Moraes. Difícil será o leitor evitar o impacto destas estórias, um cadinho da bela e cruel realidade, pinceladas incisivas da vida como ela é. Tragédias urbanas e passionais costuradas pelas filhas de Nix, fiandeiras dos destinos terríveis das personagens deste livro: em geral, mulheres vítimas da violência, da ignorância, do silêncio. Algumas não suportam e reagem, outras aceitam resignadas a crueldade do destino e do desamor.
Sob a melhor influência do realismo fantástico de Lygia Fagundes Telles e do hiper-realismo de Dalton Trevisan, Bia encontra sua voz ao mergulhar na psicologia dos personagens, explorando suas generalidades e singularidades a um só tempo, concentrando-se no que é essencial à forma através da apreensão do discurso cotidiano, captando o dito e não dito, ora idealizando um final feliz, ora confirmando a inerente maldade humana.
Claudecir de Oliveira Rocha
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Novembro de 2021
ISBN: 9786553610002
Total de páginas: 128
Formato: 15X21 cm
R$ 44,70 R$ 31,29
Nascida em Curitiba em 1964, Bia Moraes, jornalista, teve uma carreira de destaque no Paraná. Com um texto afiado, escreveu reportagens policiais e perfis – consequência de sua imensa curiosidade e capacidade de arrancar histórias inesperadas dos seus perfilados. Após um AVC, aos 54, passa por uma radical transformação, revelando definitivamente a escritora que sempre esteve presente. Enquanto narrava sua experiência pós-AVC nas redes sociais, passou a trabalhar provocantes contos, onde se dedica a destrinchar, explorar, sangrar, lamentar e rir da natureza humana – e todas as suas esquisitices.
Maurício Ramos, publicitário.