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Os contos Crimes no Canal do Belém e outras histórias têm, principalmente, Curitiba como espaço geográfico onde seus personagens vivem um cotidiano marcado por solidão, culpa, medos, desejos, incompreensões, vinganças, entre outras emoções. O conto que abre o livro apresenta Genoveva D’Alencar Castro de Abreu e Souza, diretora de hospital e assassina em série, pertencente à quinta geração de uma decadente família tradicional curitibana. Fazem parte do livro, mais 16 contos com uma gama ampla de personagens, tais como, assassinos, psicopatas, executivos, mulheres sexualmente insatisfeitas, trabalhadoras e trabalhadores do sexo, entre outros. Para Claudecir Rocha, editor do livro, a narrativa é enriquecida por uma prosa detalhada e um profundo mergulho psicológico dos personagens. Para ele, a modernidade dos temas, combinada com técnicas narrativas clássicas, faz desse livro uma obra contemporânea que dialoga com as tradições literárias, explorando conflitos morais complexos e a eterna busca humana por significado e conexão. São histórias verossímeis que desafiam quem as lê a conviver ao mesmo tempo, com sentimentos de empatia e aversão aos seus personagens.
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Crimes do Canal de Belém e Outras Histórias
Fernando Antonio Prado Gimenez.
1. ed – Curitiba : Kotter Editorial, 2024.
16X23 cm
124 páginas
ISBN 978-65-5361-388-1
R$ 54,70 R$ 38,29
A maquinaria narrativa de Crimes do Canal de Belém e Outras Histórias consiste em situar sujeitos em metrópoles com vários cruzamentos culturais, étnicos, religiosos e de classes sociais. Dessa forma, os trânsitos dados pelos encontros fortuitos, pelas relações de trabalho ou pelos direitos e deveres, situados em espaços comuns de moradia, lazer ou trabalho, fazem ressaltar o modo mecânico e arbitrário de convivência… É na ausência de uma hierarquia de laços afetivos e comunitários que essa formalidade metropolitana apresenta-se em sua imperfeição pela pena de Fernando, pois intensifica a solidão e as patologias psíquicas que são tanto motivadoras de assassinatos em série como escapes sentimentais para extravasar desejos recalcados.
Os vínculos entre as pessoas constituem-se como forma peculiar de Fernando Gimenez narrar, em que se destaca a abrangência de seu olhar para os vários tipos sociais, compreendendo o amplo arco de personagens, aliado ao suave encaixe fabular, tendo em muitos de seus contos o final surpreendente ou o riso absurdo como uma marca autoral. São mendigos, porteiros, aposentados, prostitutas, proxenetas, mulheres de altos executivos em busca de experiências extraconjugais, travestis e machões apaixonados, psicopatas e assassinos de variada motivação, administradores, golpistas que transitam por espaços peculiares de Curitiba ou, ainda, encontram-se confinados em condomínios.
Frederico Garcia Fernandes
Escritor e professor de Teoria Literária na Universidade Estadual de Londrina
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Fernando Antonio Prado Gimenez é professor de Administração na Universidade Federal do Paraná. Nascido em Londrina, reside em Curitiba desde 2003. Além da escrita acadêmica, escreve crônicas, contos, memórias e poesias. Já publicou poemas, crônicas e contos em diversas antologias. Grande fã do cinema, parte de sua escrita, especialmente as crônicas, é nele inspirada. Seus livros mais recentes incluem O Clarinetista na Janela (Caravana, 2023) e Crônicas na Holanda (Livro-Experiência, 2022).